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MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

"Bastião"

João-Afonso Machado, 28.05.12

Bastião dos sonhos, chamavam-te bastião,

quase tolo, quase aldrabão,

pelos dedos em que sentias o nevoeiro

contido em tua mão

 

não sabendo eles os medos

de quem aposta primeiro,

bolsos vazios de senso

como de dinheiro.

 

Mas quando a neblina dissipou

descobriram-te os segredos

quando tudo a realidade levou,

bastião dos sonhos,

deixando a nu os pesadelos.

 

(Riam-se agora a lê-los,

infindos, medonhos).

 

 

 

Há dois anos. Tão-somente?

João-Afonso Machado, 28.05.12

Era já Verão e o trajar condizente. Mas a gaita mantinha os mesmos acordes e o seu som trepava as escadas do túnel e alcançava o largo terreiro da Catedral. Como agora. Pairando no Tempo ao sabor dos mitos e do vagar das nossas origens celtas. Porque é isso mesmo: entre o baixio e a cumeada, algures onde tudo nos perguntamos, fica o lugar da ausência do rigor ciêntifico e a almofada da crença. Decerto não disponível a qualquer inteligência, pensando, é claro, nessas mais tolas, sempre esporeando a racionalidade até à exaustão. Quando se ignora a permanência do sonho, suave lufada de ar vindo do Passado e desejado - musculado - no olhar posto no Futuro.

Dois anos a tocar - se não mais - são todas as primaveras e outonos de uma vida em que o inverno não significa morrer. Quod demonstratum est.

(E se, realmente, S. Tiago, ou as suas ossadas, não chegaram à Peninsula? Que importa isso hoje?)