Será
Debaixo da carvalheira, a nossa terra ganhou as cores da vida perfurando-lhe as ramagens. Lembro a brisa e as palavras a flutuarem nela, escritas nos olhos, nos teus olhos, com o brilho húmido da tinta permanente. Em grafia antiga, retomada então, era o momento, e dir-me-ás se não gostaste. Já que foi tanta a tua admiração ao perceberes-me a decifrá-la.
Acrescento eu - fez-te bem. Nunca conseguirias rasgar e deitar fora o teu diário. Ninguém consegue. Tudo está em lê-lo, relê-lo, voltar ao início, prosseguir a leitura...
Foi a tarde toda. O sol poente apenas deixou suspensos alguns episódios, capítulos importantes - ou muito me engano... - a que voltaremos tão breve quanto possivel. Não demores, peço-te, por isso. A tua vontade é real, bem a senti na força com que me apertaste os dedos que folheavam as páginas de outros anos, outras mágoas. As mágoas que saberás curar, solto agora o freio com que travaste durante meses uma clara, indispensável, expressão de confiança.
Conheço os teus medos, conheço as tuas dores, mas não desisto. Não o farei enquanto sentir nas minhas barbas o passear das tuas mãos. Foi isso e será muito mais. Estou capaz de jurar que sim.