Irei
A marcha prossegue. Sinto-a todas as noites no tac-tac da bengala de tantas outras caminhadas. Essa batida na berma das estradas - tac-tac, tac-tac - durante as muitas horas em que a vida, posta nas pernas sem parança, decidiu uma pausa, mesmo um longuíssimo olhar para trás.
Assim ensaio o meu sono. Com as ideias na mochila, no percurso desta vez desconhecido. Quantos seremos? Que cores pintarão as palavras nesses dias?, fatalmente suaves os tons dos meus sonhos. Talvez mesmo o silêncio, ele só, converse demoradamente sobre montes e vales, em todas as margens onde os nossos pés busquem alguma frescura.
Vinte anos depois.