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MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

A manif do Porto

João-Afonso Machado, 01.05.12

Fui à Praça ver a manif passar. Gostei. O desfile mostrava-se compostinho, povoado. Mas nada capaz de - numericamente falando - impressionar ou constituir motivo de preocupação. Eram apenas muitos. E - o que parecia fazê-los ainda mais - bem organizados, em pequenos magotes postados atrás de tarjas, um megafone ao lado de cada um, lançando sucessivos slogans. E a malta respondia ordeiramente, descontando os menos aferroados que seguiam conversando entre si, um pouco atrás, em gozosa descontracção. Chamar-lhes-ia a "maioria silenciosa", não fora adivinhar que levariam a mal.

Quanto a palavras de ordem, uma imensidade delas. Ali há criatividade. "Temos a solução, aumentar a produção", pareceu-me realista e mereceu a minha solidariedade. Oxalá os funcionários do Estado colaborem no propósito, deixando de lado as greves.

E, finalmente, a gaffe monumental: "Assim o País não se endireita". Pois não. Assim não. Não se endireita - esquérda-se. Fatal e demolidoramente. Será isso que os sindicalistas pretendem, afinal?

A manif decorreu em paz total. Completam-se hoje 30 anos sobre uma outra, no mesmo local, em que a UGT (quem primeiramente fez a reserva da mesa) se confrontou com uma CGTP muito ciosa dos seus direitos de antiguidade. As forças de segurança, chamadas a intervir, terão pecado por excesso e dois manifestantes morreram nos confrontos. Lamentável. Hoje, porém, parece que desacatos houve somente entre as multidões que afluiram ao Pingo Doce.

É assim o nosso País.