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MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

O Coelho

João-Afonso Machado, 17.01.12

O coelho é um roedor e, como tal, há de estar sempre a dar à boca, sob pena de os dentes crescerem exuberantemente e ele morrer da atrofia.

Logo após a descoberta de Porto Santo, os portugueses, na sua ingenuidade, introduziram o coelho na ilha. O resultado foi uma praga - não houve couve que se aguentasse - depois sabiamente controlada.

De modo que o coelho foi quase erradicado do arquipélago e a banana plantou-se e vingou. Mas... todo o coelho? Não! Um resiste ainda, vitoriosamente, fazendo o maior cagarim próprio da espécie, roendo, moendo, enegrecendo lugares de suposta respeitabilidade.

Ou não. O Coelho, baptizado Zé Manel, fugindo de qualquer programa humorístico, vive sereno no seu habitat funchalense, dando-se ao luxo de empurrar, agredir, a vizinhança política.

Se assim é, na Madeira reside, afinal, uma democracia mais-que-perfeita. Ou então Portugal é, sobretudo (ou somente), a República portuguesa.

 

Concertação social

João-Afonso Machado, 17.01.12

Em 25 anos de advocacia posso garantir nunca ter assistido à sinistra situação de um patrão querer despedir um trabalhador "porque sim". Porque tinha implicado pessoalmente com ele. Ao invés, presenciei muitos casos de empregados tudo fazendo para provocar o empregador e levá-lo a uma precipitada decisão nesse sentido. Empregados esses que tudo faziam para fazer o menos possivel, em atitude de menosprezo, negligência, absoluto desinteresse pelo destino da entidade que lhes assegurava o ganha-pão. Porquê? Porque o salário estava garantido, falhando o salário sobreexistia o fundo de desemprego, e não é tradição dos tribunais laborais portugueses algum trabalhador regresse de um litigio sem algo a rechear-lhe o bolso.

Recordarei sempre a frase de um juiz que me segredava - O Sr. Dr. faça um acordo que eu já fiz a sentença... Representando eu a entidade patronal, qual a margem subsistente para discutir o litigio?

De tudo, a conclusão há muito formulada: o foro do Trabalho é, sobretudo, um lugar de militância política. Com o mais que isso possa prejudicar a nossa Economia.

Tal situação era (é?) impossivel de sustentar.

E, sem pormenorizar sobre o acordo de concertação social hoje alcançado (?), diria que, se algum passo em frente foi dado, foi no sentido de não haver abuso do trabalhador sobre o empregador. Contrariando a velha e obsoleta máxima de Karl Marx. Porque um patrão sabedor - já não digo inteligente... - dos seus interesses de classe e astuto, há-de saber distinguir - recompensando-o - o bom trabalhador do calaceiro.

Não responderei a comentários glosando o mote "servilismo". O tempo dirá se não é como digo.