O Coelho
O coelho é um roedor e, como tal, há de estar sempre a dar à boca, sob pena de os dentes crescerem exuberantemente e ele morrer da atrofia.
Logo após a descoberta de Porto Santo, os portugueses, na sua ingenuidade, introduziram o coelho na ilha. O resultado foi uma praga - não houve couve que se aguentasse - depois sabiamente controlada.
De modo que o coelho foi quase erradicado do arquipélago e a banana plantou-se e vingou. Mas... todo o coelho? Não! Um resiste ainda, vitoriosamente, fazendo o maior cagarim próprio da espécie, roendo, moendo, enegrecendo lugares de suposta respeitabilidade.
Ou não. O Coelho, baptizado Zé Manel, fugindo de qualquer programa humorístico, vive sereno no seu habitat funchalense, dando-se ao luxo de empurrar, agredir, a vizinhança política.
Se assim é, na Madeira reside, afinal, uma democracia mais-que-perfeita. Ou então Portugal é, sobretudo (ou somente), a República portuguesa.