Da minha infância
Não creio ainda dê flor. Sequer se vista de verde, a não ser rebuscando-se em colares de hera, tronco acima. Na secura da sua idade poisam-na os pardais e demais passarada: já não tarda, estão aí os serinos e a sua estridência amarelada-esverdeada, nos gaipos mais altos da árvore velha. Sinais de uma primavera a que decerto não reagirá.
Lembro-a pujante como me recordo de calções e fisga na mão. Assim o tempo não nos leve a memória, a tempestade não lhe atacará nem raizes nem corpo.
Onde coçaria depois a égua o lombo? Onde jogariam os chapins às escondidas? O que escalaria o gato fugitivo?
Velha desdentada. Onde rumoreja a invernia entre as suas ramagens, no tranquilo inverno da estafada árvore.
Assim o nosso seja como o dela...