A invasão dos corvos-marinhos
Foram os anos que os trouxeram, um pouco à matroca, sem dar explicações nem porquês. Quando todos só viam gaivotas e gaivinas e se maravilhavam com qualquer bando de patos. Silenciosos, negros, cavalgando asas de boa envergadura, a colónia foi crescendo exponencialmente. Até ao dia em que nem que o Douro fosse ceguinho: estavam por toda a parte, os corvos-marinhos.
No Parque da Cidade têm poiso certo, de volta do lago maior. Ainda sem a familiaridade dos demais, maçadoramentente buscando a margem oposta àquela em que nos encontramos.
Por isso a órbita, quase de gatas, até os fisgar no levante. Ou nesse voar rente a desafiar outra volta, outra tentativa, já do lado de lá, e depois deste outra vez...
Também lhes dá para se pendurarem num galho. Algures entre a insignificância dos pombos e a mortífera vigilância das águias-pesqueiras. Mas sem tudo isto, o que eramos nós, perdidos na cidade, onde as novidades são todas políticas?