Que Natal?
Nem fazia muito sentido um presépio em cascata, com pastores, Reis Magos e fanfarra. E uns patinhos a nadar num espelho. Ou a árvore de Natal a piscar-se por todas as ramagens, com sons repetitivos, electrónicos, chineses.
Jesus nasceu numa noite humilde e a manjedoura e o burro e a vaca foram o seu aquecimento. Nasceu pobre mas na maior dignidade. A ensinar-nos esse caminho - o da pobreza e da dignidade.
Não seguramente as tortuosas vias dos discursos dúplices - solidariedade com o mundo, riqueza própria com a Suiça... - ou dos triunfalismos exteriorizados a disfarçar os rancores, os votos de vingança que nos vão na alma.
Pobreza nos antípodas do esbanjamento e da ostentação. Dignidade nos actos e nas palavras. Há quem sofra privações do corpo e do espírito.
E, atento o momento histórico vivido, talvez os actos adequados sejam o silêncio e o afecto dos olhares - o recolhimento, muito mais do que as palavras de circunstância.