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MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

Que Natal?

João-Afonso Machado, 21.12.11

Nem fazia muito sentido um presépio em cascata, com pastores, Reis Magos e fanfarra. E uns patinhos a nadar num espelho. Ou a árvore de Natal a piscar-se por todas as ramagens, com sons repetitivos, electrónicos, chineses.

Jesus nasceu numa noite humilde e a manjedoura e o burro e a vaca foram o seu aquecimento. Nasceu pobre mas na maior dignidade. A ensinar-nos esse caminho - o da pobreza e da dignidade.

Não seguramente as tortuosas vias dos discursos dúplices - solidariedade com o mundo, riqueza própria com a Suiça... - ou dos triunfalismos exteriorizados a disfarçar os rancores, os votos de vingança que nos vão na alma.

Pobreza nos antípodas do esbanjamento e da ostentação. Dignidade nos actos e nas palavras. Há quem sofra privações do corpo e do espírito.

E, atento o momento histórico vivido, talvez os actos adequados sejam o silêncio e o afecto dos olhares - o recolhimento, muito mais do que as palavras de circunstância.