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MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

A monarquia norte-coreana

João-Afonso Machado, 20.12.11

A Imprensa descreve esse estranhíssimo quadro onde milhares e milhares de norte-coreanos choram a morte inesperada (ou nem tanto) de Kim Jong-il, por cognome O Querido Líder, não obstante a miséria e a brutalidade a que, de longa data, se vão sujeitando.

Desconheço o normativo constitucional do Regime, desconheço mesmo se o Regime se deu ao trabalho de se constitucionalizar. Sei apenas o que toda a gente sabe: o Poder na Coreia do Norte transitou de Kim Il-sung (O Grande Líder) para o ora defunto, seu filho, cuja sucessão estará assegurada também na pessoa de um filho deste , Kim Jong-un (já li, O Grande Sucessor).

O que, na prática - mesmo porque a ocupação dos cargos tem sido vitalícia - significará que a Coreia do Norte vive em monarquia. Uma estranha monarquia feita de horrores e perseguições, de ameaças nucleares ao mundo civilizado, de um povo doutrinado até à exaustão, capaz de carpir o desaparecimento do monarca tirano, em vez de aproveitar a deixa... Mas, para todos os efeitos, uma monarquia.

Uma monarquia onde a Oposição - assim ela existisse - devia lutar tenazmente por dar um fim à Dinastia; pela salvaguarda dos direitos fundamentais, das liberdade e garantias dos cidadãos; pela modernização e pacificação do sistema.

A violência deste leva a que o mundo civilizado veja com maus olhos a monarquia norte-coreana. Obviamente. Já não tão obvio será o telegrama de condolências que o Partido Comunista Português remeteu a Pyongyang. Porque não foi um monarca britânico, ou sueco, ou holandês que morreu. Foi o representante de uma dinastia comunista, comedora do cérebro das criancinhas.