Implosão no Aleixo
Um projecto de sempre, num dos mais problemáticos lugares de droga no Porto - o Aleixo. Tratava-se, mais precisamente, de implodir a primeira daquele conjunto de cinco torres.
Em passo de corrida, quase, segui pela Via Panorâmica e embrenhei-me no Bairro da Arrábida, até conseguir poiso previlegiado na horta da Adega Canoa (fados ao domingo), entre couves e outros curiosos do acontecimento.
Ainda foi um bom pedaço de espera. No Douro, com a sua comitiva, no barco-hotel, o Presidente da Câmara aprestava-se para assistir, finalmente, à consumação dos seus propósitos. O helicóptero, circundando sempre a vítima, filmava. Os acessos vedados, em nome da segurança. Até que soou a almejada trompa de aviso.
Em segundos, a torre reduziu-se a escombros e a poeira, aliás bem controlada por sacos de água que a absorviam, impedindo-a de voar, impulsionada pelo vento, para o nosso lado. Tudo precedido de uma artilharia perfeitamente suportável. Breves segundos demorou o espectáculo, repito.
Logo nos telhados vizinhos se ouviram gritos indios dos mirones. Do lado de lá, desfeita a opacidade da torre, grupos mais aguerridos desafiavam, talvez insultassem, a Polícia. Mas não era por mal - as televisões compareceram todas, há que nos esforçarmos para conquistarmos o direito a umas imagenzitas. O CI nem saiu das carrinhas.
Estava feito. À passagem pela cozinha da Adega Canoa, a Patroa, emocionada, chorava
(- Então, minha Senhora, calma?!),
enquanto a filha descascava as batatas para fritar. Domingo haverá fados e petiscos. A vida continua.