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MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

Desmistificando

João-Afonso Machado, 12.12.11

De comiseração as parangonas dos jornais mais recentes: a "Inglaterra" no escalão secundo-divisionário da União Europeia, à conta do voto único contra a revisão do Tratado. Mais diziam: Cameron (e os seus Conservadores) estavam, sem apelo nem agravo, condenados.

Justamente ao contrário da Imprensa britânica, que aplaudiu unânime a tomada de posição do seu Governo.

Sejamos claros: a UE não existe para além de uma congregação de egoísmos. O dos ricos e o dos pobres; o dos necessitados contra o dos independentes.

Atente-se, a propósito, nos casos da Alemanha e de França, a sua porta-voz; e no de Portugal (o que mais nos diz) - por um lado. Por outro, no do Reino Unido, obviamente interessado na cooperação económica, mas de todo indisponível para abdicar da sua autonomia.

A circunstância é que o imperialismo britânico jamais foi expansionista. Quase só, limitou-se a desbravar; e, inteligentemente, a manter laços da melhor influência nesses territórios "conquistados" e depois libertos.

É o que a História nos ensina. Na hora da verdade, sempre a Grã-Bretanha surgiu ao lado dos que batalhavam contra a sofreguidão totalitária. Para mal dos nossos pecados, Portugal já não está em posição de reconhecer a verdade.

E muito menos de se colocar do seu lado...

 

A moral dos cogumelos

João-Afonso Machado, 12.12.11

 

São esses natais súbitos e nocturnos sobre um cepo qualquer. Surgem aos cachos, muitas vezes, ao longo das nossas deambulações florestais, nestes feudos da humidade. A gente gosta deles, tanto quanto os teme.

 

São muitas as formas e as cores. Há nos cogumelos uma beleza perigosa, semelhante à das serpentes tropicais, em que também dificilmente distinguimos as venenosas das inofensivas.

 

Mas se as cobras, quando calha, lá vão ferrando o calcanhar de um incauto qualquer, os cogumelos são mestres no desvastar de famílias inteiras. Nessa estranha atracção pelo desconhecido. Ou nessa vã convicção do segredo habilmente desvendado. Tanto matam como semeiam delícias em repastos de requinte.

 

Só com redobrados cuidados havemos de perturbar o seu lugar na Natureza. Na medida justa das necessidades e da sabedoria. Muito pragmaticamente, despojados de impulsos artísticos. No fundo, os cogumelos apelam à humildade, talvez de um modo brutal, ameaçando com a sua toxicidade. Mas o facto é que, além das toxinas, contém ensinamentos. Logo devem possuir uma moral.