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MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

Um Bom Ano!

João-Afonso Machado, 31.12.11

Mais (ou menos...) um ano. Se este foi mau, o próximo afiançam-lo muito pior. Seja o que Deus quiser e a gente da politica conseguir. Por cá, o objectivo foi alcançado: a pequena já sabe o que é uma codorniz, vale dizer, para o que nasceu.

Vivamos assim: gozando, apreciando as pequenas coisas dos nossos dias. Sem aspirar a muito - é mais prudente.

Para todos, Amigos e Leitores, um 2012 com muita força, toda a combatividade e, acima de tudo, saúde em abundância.

Um abraço.

 

Das "Memórias de um Átomo"

João-Afonso Machado, 30.12.11

«Na agonia da antiga civilização europeia, de África e da longínqua Asia rumaram povos sedentos de conquista. O pequeníssimo e simpático Portugal foi o seu anfitreão e o seu tubo de ensaio.

Chegaram primeiro os angolanos, cujo Imperador enviou, à frente do séquito de parlamentares e (à cautela) de alguns contigentes de ferozes ninjas, o dilecto general, nem mais do que a própria filha (querida da vitória) Isabel Santos, mulher formosíssima, quanto guerreira fria, implacável. Será lenda, apenas, mas muitos atribuem o súbito desaparecimento político de Pêro Santana Lopes, Condestável, a uma paixão atrevida e incontrolada pela magnética Isabel - de que resultou a ordem pronta da sua morte pelo horroroso processo de em vida lhe extrairem o coração pelas costas.

Os angolanos saciaram-se com os tesouros das Grutas e Armazéns dos Lagares de Petróleo (GALP), enquanto os chineses -  a segunda vaga de ocupadores - misticamente acometeu as fontes filosóficas da Energia Divina Pura (EDP). E, pusilânimes, absorvendo-a, nem sequer empalaram António Mexia e outros guardiões do templo. Nem uma vez se ouviu o sinistro sibilar do sabre oriental, mesmo porque rápidamente a sua capital, estabelecida em Varziela, Vila do Conde, se achou repleta de estátuas de Buda, oferecidas por Joe Berardo, um convertido, e do caminhar descalço dos budistas vindos da praia.

E assim viveu Portugal então. Ainda com fome, já não esfomeado. Sempre menos português, salvo numa imensidade de pequenos recantos druídicos onde os seus costumes e as suas crenças, as suas danças e cantares de outrora, são zelosamente mantidas por meia-dúzia de iniciados».

 

(Com a devida autorização do meu Amigo J. da Ega, a quem mui grato sou.)

 

Momento

João-Afonso Machado, 30.12.11

Fica-nos a vida inteira para averiguar se a verdade navega à superfície ou submersa; ou se a podemos agarrar pelo pescoço, não seja ela intangivel e nem por isso menos verdadeira.

Assim na água como no deserto, onde as miragens podem matar, confundir, desesperar, realidades que são, ilusões que dizem ser.

Fica a beleza do momento mitigando essa crua certeza - é tantas vezes mentirosa, a verdade! Tantas e tão injustas vezes! 

 

Fundação Cupertino de Miranda, em V. N. de Famalicão

João-Afonso Machado, 29.12.11

«(...) Uma obra de semelhante envergadura, onde até há pouco a feira, das gentes queridissima, era rainha e senhora, causou incómodos, perplexidades e críticas. O modelo arquitectónico escolhido, esse, - pura e simplesmente chocou a grande maioria dos famalicences. Cupertino de Miranda houve disso plena consciência e reconheceu-o em voz alta, quando da apresentação do "Palácio" às entidades oficiais: "tem dado escândalo o seu exterior",  referia, mas "seria impensável construi-lo de modo a que as suas linhas, perspectivas, alturas, proporções, tonalidades, a todos agradassem".

(...) Estava-se em 1971, mas a inauguração (...) apenas aconteceria no ano seguinte. (...) E já então a complacência da população, para com aquela torre  de 34 metros de altura, era mais perceptível. É claro, os seus quatro paineis cerâmicos, imensos, a tocar nas estrelas, continuavam a ser encarados como uma ramboiada de mulheres nuas, distorcidas, escondidas atrás da arte abstracta (...).

Vieram os entendidos à liça, esclarecendo o povo sobre o trabalho do escultor Charters de Azevedo - a maior superfície de azulejos decorativos da Europa, obra figurativa com um significado perfeitamente determinado, simbolizando: o painel norte, "o Homem e o Universo"; o sul, uma "alegoria à Educação e às Artes"; o nascente, a "protecção"; e o poente, a "conjugação de esforços". Nada, pois, que, rebuscadamente embora, visasse marotices de (enormes) pequenas em pêlo.

(..) Famalicão honra-se do seu Banqueiro "socialista" - no apolítico (ou, pelo menos, politicamente descomprometido) sentido de quem utiliza a sua fortuna, reflexo do seu labor, como um instrumento de bem-fazer à comunidade. (...) Cupertino, um dos homens que os excessos de 1974-75 anatematizaram, discursava, em 1913, a inaugurar o Congresso do Partido Socialista, em Guimarães...

(...) orgulhoso das suas origens, proclamava, em 1971, pretender-se com a Fundação "aproximar-se Lisboa de Famalicão" e não "Famalicão de Lisboa" (...)».

 

(in Famalicão - Recordações de uma Vila, ed. Circulo da Cultura Famalicence, 2004).

(Dispôs Mário Cesariny de Vasconcelos que, à sua morte, todo o seu espólio literário pertenceria à Fundação Cupertino de Miranda, em V. N. de Famalicão, onde actualmente se conserva.)

 

Memórias Vilacondenses (I)

João-Afonso Machado, 28.12.11

 MISERICÓRDIA.JPG

«(...) Da proximidade do Senhor dos Passos, onde há mais de duzentos anos um Cristo em tamanho natural carrega a sua cruz e é lancetado por legionários romanos, desde esse alto junto à Igreja da Misericórdia, edificada por determinação de D. Manuel I, uma nova Vila do Conde vai surgir. Ter-lhe-ão chamado inicialmente "bairro balnear" - mas o seu eixo é a actual Avenida de Bento de Freitas. Desçamo-la, revivendo a nossa infância e a dos nossos Pais e Avós.

Não esquece o Sr. Pascoal, uma nesga de casa no topo do arruamento onde, registam os anais foi fabricado o meu primeiro "blazer" (...).»

 

(Vd. Em Vila do Conde Descendo a Av. de Bento de Freitas, ao Longo de Algumas Gerações, in O Tripeiro, Agosto 1993, pág. 238, ss.)

 

O cabalístico 2012

João-Afonso Machado, 28.12.11

Estranha mistura de acontecimentos pela nossa frente! Talvez excessiva para um ano só. E, sobretudo, com significados cruzados, radicando uns no Passado, projectando-se outros na boca escura e assustadora do Futuro. Será mesmo o fim do Mundo, 2012?

É nele que a Rainha Isabel II comemora o 60º aniversário da sua entronização; e, efeméride tremenda, o centenário do naufrágio do Titanic; mas, também, será o tempo de mais uma edição dos Jogos Olimpicos e do Europeu de futebol...

De somenos importância, refira-se ainda, em 2012 vão a votos Putin, Sarkozy e Obama. E, de permeio, a precaríssima saúde do euro, um prognóstico mais que reservado, meses pela frente nos "cuidados intensivos", quem afiança chegará ao fim de 2012?

Festejos, datas históricas, grandes momentos desportivos, não despreziveis ocorrências políticas, a total indefenição na economia e nas finanças...

«Paira um luxo de Adaga em mão de Moiro», poetava Mário de Sá-Carneiro em Paris, no início de 1916.

Não há dúvida: em tanta variedade de sucessos, 2012 vai ser o fim do mundo. Ou o fim da picada, vá lá.

 

Bailinho

João-Afonso Machado, 27.12.11

Confesso que o bailarico já me cansa em demasia. E estou em crer que entraram em pista, ainda por cima, outros vocacionados para o tango. Depois de me atacarem com passes de matador o blog, a caixa do meu correio electrónico e mesmo as mensagens no Facebook. Desta feita, volta bem rodopiada, não pouparam o meu acesso à Internet. Como? Em conversata via chat no site do operador, utilizando para o efeito o meu próprio nome (se bem que com um apelido materno) e os meus números de identificação e de contribuinte!!!

De modo que no passado dia 22, quando quis aceder à Internet, logo de manhã, uma "mensagem" no computador mandava-me proceder à recarga do "cartão" no Multibanco.

Estabelecidos os necessários contactos, assim mesmo me informaram: tinha sido eu a dar a aludida ordem - alterar o tarifário de factura mensal para pagamento por «recargas»!!!

Pedi então me remetessem por mail essa bendita conversa no chat, a qual chegou agora e li atentamente.

Porque talvez conseguisse alguma pista... O jeito da escrita, os termos usados, são, muitas vezes, extremamente esclarecedores. Lá estava o "João" (embora me assine sempre João Afonso) e uma pluralidade de «okays» que não fazem parte do meu vocabulário.

O abusador - ou melhor: a abusadora - ainda revelou alguns cuidados, numa obvia perspectiva do Direito fred-flinstoniano. Assim como quem, correndo mal a coisa, deixa argumentos para sustentar que não quis passar por...

Tudo muito tosco. E o rasto está lá: a linguagem rápida e incisiva, estilo reserva de lugar no avião. Ok! É isso mesmo. Ok!

É de uma pessoa doente. Se o chat ouvisse perceberia uma voz feminina; se visse, tiraria os óculos para ler mais perto...

Este tango - algo me diz - vai acabar num espalhanço. Depois será o pranto e o ranger de dentes, muito mais consentâneos com o nosso fado (melado), património imaterial, conquanto a reclamar, em sede própria, algumas compensações do género contabilizável...

 

A invasão dos corvos-marinhos

João-Afonso Machado, 26.12.11

Foram os anos que os trouxeram, um pouco à matroca, sem dar explicações nem porquês. Quando todos só viam gaivotas e gaivinas e se maravilhavam com qualquer bando de patos. Silenciosos, negros, cavalgando asas de boa envergadura, a colónia foi crescendo exponencialmente. Até ao dia em que nem que o Douro fosse ceguinho: estavam por toda a parte, os corvos-marinhos.

No Parque da Cidade têm poiso certo, de volta do lago maior. Ainda sem a familiaridade dos demais, maçadoramentente buscando a margem oposta àquela em que nos encontramos.

Por isso a órbita, quase de gatas, até os fisgar no levante. Ou nesse voar rente a desafiar outra volta, outra tentativa, já do lado de lá, e depois deste outra vez...

Também lhes dá para se pendurarem num galho. Algures entre a insignificância dos pombos e a mortífera vigilância das águias-pesqueiras. Mas sem tudo isto, o que eramos nós, perdidos na cidade, onde as novidades são todas políticas?

 

 

Sol minhoto de Natal

João-Afonso Machado, 26.12.11

É, não havendo surpresas, uma das dádivas natalícias.

(De resto, essa noite já tão antiga foi estrelada e não consta chovesse na manhã seguinte... Por isso é justo, ainda agora, um pouco de jardim, um lote de cores alegres e umas horas de calor solar a impedir o passeio curto, apressado, distraído).

Como se se tratasse de braços abertos, um sinal de boas-vindas.

(Vêm chegando mais da Família, o perú leva os retoques finais... Antes do almoço é o que se impõe: a voltinha encasacada pelo sol. Estamos no Minho onde, felizmente, há rabanadas).

A lareira surgirá a seu tempo. Depois das camélias e das toutinegras entre a sua ramagem. A miudagem circula por ali, de bicicleta. Todos os recantos são de ouro e sossego. Urge prosseguir, até se apanhar a própria sombra. Sensivelmente quando o perú der sinal de apuro e também o sol começar as suas despedidas, já descaindo sobre o bosque.

 

Um Santo Natal...

João-Afonso Machado, 24.12.11

É o meu desejo para todos os Amigos do Corta-Fitas - os demais colaboradores e os leitores: um Santo Natal.

Um Natal de Paz. Com o mundo, com os que nos rodeiam e, sobretudo, connosco próprios.

Sendo nós mesmos. Longe da duplicidade da personalidade, longe da fantasia doentia... Sim, longe da doença. Assim vivamos o nascimento sempre redivivo do Filho de Deus.

Um abraço a todos. Boas Festas!

 

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