A abolição de feriados
Não se alcança, verdadeiramente, o elevado sentido da medida. Mas o facto é que o Estado e a Igreja aí estão em negociações para o efeito. E não deixa de ser curioso as datas apontadas pelo Governo, quanto a "folgas" civis - o 5 de Outubro e o 1º de Dezembro.
Porque não o Ano Novo? Certamente porque sem reveillon o português entra em tumulto. E sem feriado no dia seguinte, para retemperar forças, o reveillon seria comedido como a Cinderela, sempre atenta ao bater das doze badaladas. Não, 1 de Janeiro é uma data universalmente consagrada ao sono, de resto auspiciando sempre um outro ano cheio de trabalho e prosperidades.
Essencialmente segundo idênticos parâmetros se deverá avaliar o Carnaval.
Já quanto ao 25 de Abril e ao 1º de Maio, aconselha a mais elementar prudência não se cometam sacrilégios políticos e sindicais. A esmagadora maioria da população fica em casa, é sabido, mas pero que los a, a - os empedernidos da Revolução dos Cravos; a chinfrineira à esquerda seria insuportável fossem estes símbolos abolidos.
Mesmo o 10 de Junho nada calhava. Tratando-se do Dia das Comunidades, ninguém esquece que a comunidade alfacinha se delicia, 48 horas depois, com o seu Santo António, sendo correntemente feriados conciliáveis e aproveitáveis para uma descida até aos calores algarvios, nessa altura já bem notórios.
De modo que restavam os festejos da República e da Independência Nacional. Algo em que já não se acredita. Entre o desejável (o fim da República) e o expectável (a perda da nossa Independência) a opção do Governo, bem vistas as coisas, não colhe ninguém de surpresa.