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Pois é, Ritinha, hoje almoçámos todos uma feijoada de lebre. Lembras-te? Aqueles com quem estiveste na largada de faisões nos idos em que o João Ratão te fazia o favor de se pôr em ti.
Eu vinha meio afogueado com as mais recentes novidades: pirateaste as mensagens da minha antiga página no Facebook, divulgaste-as esta noite, sem fazeres gajo algum aí na Marginal resolveste incomodar uma Senhora com telefonemas anónimos - que a sovavas, e à filha, que as deixavas marcadas, desfiguradas... Quando um dos amigos, lá no canto da mesa, lidava com um computador portátil. Nem hesitei:
- Oh António, empresta aí, fazes o favor?!
E reactivei o meu Facebook. E mostrei aos presentes a tua fronha, aqueles chapéus incriveis que enfias trunfa abaixo. Nem te conto, Ritinha, a reacção geral:
- Mas isto é um saca-rabos?
- Oh pá!, no estado em que aquilo está, melhor será chamares um canalizador...
- É um sagui a rir-se...
(porque este tem a mania que caça em outros continentes).
- Nada! Olha a trunfa: é um furão...
- Uma abetarda na época do cio, dizes tu
(isto a propósito daquela foto tua numa esteira mexicana, toda enchapelada),
- É uma gaja minorca, rapazes! Feia como a sujidade!
- Quem? Este peido amarelado?
- Com buço?
- A gaja é ganzada...
(Já não disfarças os efeitos dos teus charros nocturnos, hã?!).
- Nada disso malta: é a Paula Bobone!!!
(Quem te dera! Essa é feia, mas ao menos tem a desculpa de ser velha. Já nem dá para rir dos chapéus que usa...).
E por aí fora, o almoço inteiro, foto após foto, a tentar decifrar o bicho estranho que és, tão disfarçado debaixo da tua vassoura de piassaba. Uma animação!
O azar foi meu. Quando revelei que já tinhas estado na tal largada. Logo o dono da casa me repreendeu severamente. Que não, não queria gajas destas em sua casa. Tinha mãe e irmãs... Enquanto o folião do Joaquim, gargalhando, perguntava se não serias a mesma que se passeou o almoço inteiro por baixo das mesas.
E eu defendi-te: em ocasiões assim solenes, nunca farias serviços desses, escondida entre as toalhas.
Mas deves acalmar. Só para não me apetecer revelar as tuas especialidades. Sei-as todas. E não são bonitas.