Lisboa, hoje
Hora do almoço. À passagem na Baixa lisboeta, na Rua do Ouro, o trânsito entope subitamente. E demoradamente, ao ponto de as buzinas entoarem os seus protestos e as pessoas abrirem as portas dos carros, a espreitar.
Ao longe, um movimento inusitado de pessoas, em plena via, bandeiras e papelotes, uma fumarada amarela.
Lá se conseguiu avançar. Chegados ao centro do charivari, lenços na boca dos circunstantes, a via desempedida, sim, e uma tropa juvenil - as bandeiras sempre.... - mais a percepção de que as forças da ordem vinham aí.
Não tardou a sua intervenção e o desvio do trânsito automóvel. O que se terá passado?
Estranho cheiro no ar, vidros fechados, umas tosses, ainda assim...
E o silêncio, nos noticiários nocturnos.
Oxalá não tenha sido outra helenização. Paira no ar o síndroma da revolta. Compreensivelmente. Mas a realidade é o que é. E a verdade, dentro de todos os subjectivismos possiveis, ainda aguarda uma resposta alternativa - que solução admissivel para além da União Europeia?
Não vale a pena chorar sobre leite derramado. Portugal aceitou um caminho, há já mais de uma década. Dar o dito por não dito é pior do que fugir para a frente, para a base de um eventual acerto qualquer.
Salvo, é claro, nos disposamos a uma miséria total onde quem perde sobretudo são, inevitávelmente, os mais pobres - esses que nunca alcançarão a Suiça bancária.
Têm a palavra os sindicatos. E os dirigentes sindicais - já ninguém (Helà!, sindicalistas profissionais!) garante o seu ordenado de dirigentes, num cenário de avalanche. Todos temos a perder, se não ganharmos a confiança nas entidades governamentais.
Exigência única, quanto a estas: fatinho e gravata à parte, não desbundem. Por uma questão de moralidade, apenas. Ou principalmente...