Passos Coelho - um desempenho com sinal +
Talvez Cavaco Silva não seja um Presidente realmente popular. Talvez tenha ganho as eleições não porque fosse o melhor candidato mas porque todos os outros eram demasiadamente maus.
A provável indiferença que Cavaco suscita perante os portugueses é avaliável até por essas mostras de simpatia pela classe política regularmente vindas a lume nos jornais. Em uma recente, contra o que é costume, a figura de Pedro Passos Coelho avantajava-se em relação à do Presidente. Quer dizer: o Chefe do Executivo, sujeito ao dia-a-dia governamental - e que dia-a-dia, santo Deus! - sujeito a todo o expectável desgaste de imagem, ainda assim conseguia recolher mais admiração e respeito dos consultados do que o Chefe do Estado, usualmente na sua redoma, de onde só sai às vezes para alguma visita ou para qualquer, por regra tímida, intervenção discursiva.
De tudo realço apenas o lado positivo. Como um Chefe de Estado eleito nunca poderá representar a Nação, o lugar de Cavaco Silva torna-se, efectivamente, de importância assaz secundária. Já o 1º Ministro, Passos Coelho, todos sabem desempenha, no dificil momento actual, um papel crucial. E, perguntado sobre o desempenho do Governo, o insuspeito Prof. Daniel Bessa respondeu ontem assim: «estou muito satisfeito. Porque pôs termo a uma situação insustentável que se havia tornado um pesadelo».
É plausivel admitir que o segredo de Passos Coelho consiste em se manter, no trato, exactamente o oposto de José Sócrates.