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MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

A "burricada" continua

João-Afonso Machado, 28.09.11

É a notícia do dia no Funchal. Uns tantos oposicionistas - dos mais intrépidos, certamente... - invadiram as instalações do Jornal da Madeira, onde há longas horas permanecem barricados. Não se trata de um avião desviado, mas é como se fosse - há exigências e ameaças; há reféns - presumivelmente, no ideário dos autores da façanha, o Poder administrativo da Região Autónoma. Esse mesmo que eles pretendem ver abatido.

Figura central do burburinho, o inefável José Manuel Coelho, agora militando com as cores do Partido Trabalhista Português (PNT). A seu lado, outras promessas políticas do Partido da Nova Democracia (PND) e do Partido dos Animais (PA). Em suma, a fina flor da Liga dos Últimos.

Porque a verdade é que nem o PCP nem o BE quiseram imiscuir-se na confusão. Só tinham a perder. O circo eleitoral, apesar de tudo, tem limites. Ninguém com um mínimo de senso adere ao grotesco. Ou mesmo ao saudosismo - longe vão os tempos em que os vereaneantes alugavam uns burros e partiam para uma jornada qualquer, de farnel à ilharga.

 

 

Do Padre Vasco Pinto de Magalhães, um grande Amigo

João-Afonso Machado, 28.09.11

Conheço-o há 33 anos. Vive nele, o dom da palavra. Como sempre confirmo, cada vez que me cruzo com as suas reflexões. Esta, por exemplo:

«Todos querem a paz, mas há muita gente que não se dispõe a fazer as pazes. Parece que não acreditam que duas pessoas zangadas ou um casal desavindo se possam reconciliar. Preferem afirmar posições. De facto, o orgulhoso não é inteligente! Se fosse inteligente, já teria percebido que a coisa mais humana é levantar-se dos seus erros e recomeçar cada dia. Não o tentar e agarrar-se aos seus direitos parece força, mas é fraqueza infantil».

(in Não Há Certezas, Há Caminhos)

 

Ribeira Quente

João-Afonso Machado, 28.09.11

Era o seu esforço final. Tranquilamente a ribeira chegava ao mar, nessa noite como em todas as outras, vinda de uma nascente de água quente, história de vulcões açoreanos.

Parámos no marulhar da corrente tímida, inofensiva. E foi um passeio ao longo do cais, onde só talvez faltasse alguém. Mas estavam lá a lua cheia, constelações de reflexos, o eterno sussurrar das ondas. Há quantas semanas? Quem diria?

Quem diria, hoje a revolta do oceano, a tempestade furiosa, o choro da povoação?

Na Ribeira Quente morreu há pouco um homem da pesca. Surpreendido em tal maré de vento e raiva.