Eleições na Madeira
Alberto João Jardim, no Poder, é de uma longevidade salazarenta. Nunca esquecendo, claro, ter sido sempre regularmente eleito por uma confortável maioria do eleitorado madeirense. E 36 anos volvidos sobre a primeira vez, ei-lo pelas praças e estradas do Arquipélago a pedir o voto, hoje como sempre.
Faça-se, entretanto, um balanço da sua governação. Para concluir, talvez, que acima da desfaçatez de Alberto João, acima da sua arrogãncia ou da rudez ou truculência do seu verbo, ficou uma obra. A sua obra. A diferença que se patenteia nas estradas, nos equipamentos, num quotidiano que ninguém dirá agitado, perigoso, povoado de assimetrias.
Somente o tempo foi passando, os problemas candentes diferem dos de ontem, a idade não perdoa e a saúde ressente-se. AJJ já o percebeu mas a sua teimosia - algo muito característico dos anciãos... - impede-o de desistir. E o medo de perder exalta-lhe o discurso - pedindo "pancada" para quem "ofende o povo madeirense" (?!) - traz-lhe ao espírito alianças partidárias até então inimagináveis e, pressentindo a falta de solidariedade laranja do Continente, descobre uma "luta contra o Estado Central pelos direitos da Madeira".
Há em tudo isto dois aspectos curiosos, além de preocupantes.
O primeiro decorre da aparente dificuldade de AJJ para encontrar sucessor no PSD insular. Senão aproveitaria já esta campanha para o lançar.
O segundo consiste na pendular repetitividade da História. Salazar, Soares, Alegre, tantos mais - só à vassourada se afastaram ou afastam da ribalta política. AJJ está igual. É pena. Compreende-se que ele sofra já de reumatismo. Esperava-se recusasse integrar a "brigada do reumático".