Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

Recantos restritos

João-Afonso Machado, 11.09.11

A varanda. O local onde tantas vezes falam apenas os olhos as vitais palavras de harmonia. Onde o riso não expele sarcasmo e as tardes decorrem à temperatura em que as amizades se eternizam. Um esquilo desce a nogueira do jardim na exacta e portentosa velocidade em que todos renunciam aos conflitos. A varanda é sagrada, não está ao alcance de qualquer um.

A Casa dos Grilos. É outra varanda, esta insular, debruçada sobre o Atlântico. Onde também o tempo se exprime baixinho e firme, sempre leal. Em noites inesquecíveis de absoluta claridade sobre as coisas da vida, o que é e o que apenas aparenta ser.

Hoje juntaram-se ambas as varandas num almoço. Nada que não tenha acontecido já, tantas e tantas vezes. Nos domínios dificeis da perpetuidade, é normal assim suceda. 

 

 

Domingo: perdizes

João-Afonso Machado, 11.09.11

Hoje não foi muito além da porta da casa. Mas em terreno apertado, sujo, dificil. É o diabo para as fazer levantar das beiras dos socalcos ou para lhes fazer o cerco, evitando se refugiem nas matas. Mais a mais, é trabalhoso caçar com três Migueis e uma máquina fotográfica à cinta também. A gente chama um parceiro e o eco vem de todos os lados - "que é?", "que é?", "que é?"; quer-se fazer um bom retrato e falta a terceira mão, essa que não está lá para segurar a espingarda.

Mas algo trouxe, capaz de preencher um almoço. E a pequena desfaz-se em atenções e préstimos, nem tenho de me baixar para apanhar as perdizes caçadas.

E saram-nos todas as feridas da alma estas manhãs entre amigos. Quero dizer, no exacto ponto do espírito onde não há reservas, desconfianças, nem truques, e nos corações reina o sossego e a paz nas consciências. Porque senão, os ditos amigos não estariam lá.