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MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

O sinistro

João-Afonso Machado, 03.09.11

Em plena A25 ocorre a tragédia: rebenta um dos pneus do atrelado, obrigando a uma paragem imediata. Logo se constata a impossiblidade de prosseguir. Tomado de uma imensa aflição, o proprietário do reboque multiplica os pedidos de perdão, suplica a compreensão dos demais. O condutor do jipe, analisando a situação, não perde a sua lendária fleuma. Talvez se note apenas alguma contrariedade na forma como rilha o charuto. E agora?

Há ainda uma terceira e bondosa personagem a registar o acontecimento, depois de sossegar as senhoras que viajavam na viatura acidentada. Não foi além de uma "porra" baixinho, inaudível como as demais exclamações, irrepetíveis, todas ditas só para si, em pensamento. É ele também quem solicita assistência através do orelhão SOS nas proximidades.

E substituido o pneu (com a ferramenta disponibilizada pelo funcionário da concessionária, entretanto presente), é decidido tomar o rumo de Águeda, onde o reboque poderia ficar em casa de um parente, uma vez que o outro pneu ameaçava explodir também, a qualquer momento. (Fugaz olhar de severidade por parte do condutor...). E tudo com grande desgosto das senhoras, duas das quais, aliás, se encontravam em estado interessante e assinalavelmente fatigadas.

O percurso até às terras do aludido parente de Águeda foi, por isso, percorrido com as maiores cautelas e vagares. Valeram as belezas da paisagem para amenizar a impaciência dos circunstantes.

E por fim o regresso ao Porto, com o passageiro do banco de trás partilhando o mesmo, sempre bondosamente, generosamente - cavalheirescamente - com as senhoras até aí ocupantes do atrelado.

Tudo terminou, então, sem males de maior.

 

 

Lodões, hoje

João-Afonso Machado, 03.09.11

Zona de Caça Turística da Vilariça. Em terreno não necessáriamente o ideal para codornizes: estevais, giestais, pouco restolho, nenhuma milhã. Mas com caça. Como se constata.

Chama-me o Carlos M. a pedir a fotografia, a sua Tinta está marrada, queda, em concentração total. Assim é, efectivamente. E tal o extase que não se apercebe, a codorniz já exalara o último suspiro há minutos. Vale-lhe na aflição a minha conversada, sempre prestimosa, a proceder à remoção do cadáver e a entregar-mo em mão. Um bom cobro, chama-se a isso.

No final da manhã foi a minha vez de pedir ao Miguel O. se ocupasse da carreira da tiro. A pequena topara a codorniz e parecia uma estátua romana. Havia que emoldurar o momento. Fixa, como se hipnotizada, avançando em passos milimétricos até onde se adivinhava esconder-se a ave. Ao levante sucedeu-se o inevitável e novo cobro magnífico.

Foram 14 peças. entre os três. O bando rival, em terreno restolhado e de plantio, cinco espingardas e dois guias, mais o apoio canino, não alcançou tanto. Faz-se o que se pode....

Merecido, portanto, o cabrito do almoço. E toda aquela colecção de queijos e compotas transmontanas.