A História escrita pelos vencidos? Não, nunca.
O que vem sucendendo em Espanha não passa despercebido nem aos mais distraídos. É demasiadamente claro o propósito de reescrever a História no capítulo referente à Guerra Civil. Como se o País ainda agora fosse povoado por valas comuns onde jazem somente os restos mortais de heróicos republicanos, os mártires da ditadura franquista.
Vale dizer, como se tão sanguinário conflito não consubstanciasse farta selvajaria de um lado e do outro beligerantes.
E como - sobretudo - não fosse uma realidade a extrema impopularidade da 2ª República espanhola: o seu alheamento face aos sentimentos, à cultura e às necessidades da sociedade civil; a repressão implacável dos anarquistas; o costumeiro anti-clericalismo das governações onde pontifica a Maçonaria. Tal qual o Portugal de Afonso Costa.
Sem dúvida, o pouco expressivo triunfo eleitoral da Frente Popular, em 1936, internacionalizou o conflito. Quer a Itália, quer a Alemanha (só para citar os mais explícitos...) não viram com bons olhos um governo leninista-trotskista aqui no fim da Europa. Um Governo, de resto, abertamente apoiado por Moscovo...
A Guerra Civil espanhola foi o que foi. Seguramente, não foi só o que dela querem os vencedores tenha sido. Os vencedores, entenda-se, os políticos e os historiadores cuja voz calou as restantes, na sequência da vitória aliada em 1945. As perseguições religiosas existiram, a ferocidade dos republicanos sobre os seus adversários não foi apenas um conto da carochinha. Nem as vítimas dessa catástrofe se inscrevem todas no lado nela perdedor.
Está bem à vista o objectivo visado com a manutenção da chama anti-franquista sempre incandescente. Nada mais do que o derrube da Monarquia, assim o Rei Juan Carlos passe o testemunho.