Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

S. Martinho: sosseguem, eu vou

João-Afonso Machado, 15.07.11

Foi quase uma decisão assente: este ano não ia. Mas depois, repensando, não prescindindo de S. Miguel e do saltinho à Terceira, acabei arranjando um encaixe. Meia duzia de dias, claro. O bastante para a minha dose de família e de Facho, mais uns retratos e uns carapaus à noite, pescados no cais. Para os chás na Casa do Capitão e o marisco e o branco fresquinho, os flirts de todos os Agostos. Para esses rituais benfazejos. Sobretudo o da sardinhada do querido Tio, a nossa incursão de sempre à Nazaré dos nossos antepassados. Agora com a nova Cannon,  na previsão de fotografias memoráveis. Enfim, não esquecendo ainda a corrida das Caldas, o paúl da Tornada, Peniche...

Não, a decisão está tomada: este ano volto a S. Martinho do Porto.

 

Ser ou não ser, ou presumir ser - eis a questão

João-Afonso Machado, 15.07.11

A imagem ficou para a História. Uma entrevista antecipadamente combinada, dois jornalistas e dois gravadores, o princípio da conversa. Uma qualquer pergunta mais incómoda e o entrevistado a levantar-se, muito lampeiro, os ditos gravadores um em cada bolso das suas calças, porta fora naquele andar despachado de quem acaba de roubar os berlindes aos putos.

Assim a celebridade tomou conta do deputado socialista Ricardo Rodrigues. Per seculum seculorum.

O assunto foi encaminhado para as instâncias judiciais (os putos não se conformaram com o gamanço dos berlindes...) e o ilustre comensal da Casa da Democracia (deliciosos, estes designativos que se inventam por aí) viu-se acusado da prática do crime de atentado à liberdade de imprensa. Requereu a abertura de instrução, mas o juiz não foi em conversas - pronunciou-o. Aguarda-o agora o julgamento.

Questionado, então, sobre o sucedido, Ricardo Rodrigues (um jurista, creio) justificou-se: "presumo-me inocente até à decisão do tribunal".

Li, reli, e ainda agora estou sem conseguir acreditar. Ou, talvez, presumindo que sei ler - apenas presumindo.

Porque - incorrerei, eventualmente, em erro... - as presunções subsumem-se às relações entre os sujeitos e a Justiça. A esta (ou, vá lá, à Sociedade que visa ordenar e tutelar) compete, realmente, estabelecer, a favor ou contra, presunções de inocência ou de culpa, a ilidir, ou não, uma vez averiguada a factualidade ocorrida. 

O deputado Ricardo Rodrigues não é um diploma legal avulso ou codificador. Não tem de se presumir; tem de se definir, de acordo com os ditâmes da sua consciência. A não ser que esta, dado o avançado da hora, ou os vagares do seu carácter, não haja ainda lobrigado - perante si mesma - se agiu bem ou mal.

O que é perturbante: tal consciência tem voz, repito, na Casa da Democracia portuguesa. E fala e decide por nós.