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MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

Momento decisivo

João-Afonso Machado, 13.07.11

Entrei no Clube mudo, nervosíssimo. Os atrasados do costume pareciam eternizar a sua demora, não havia meio de começarmos. E, em tal tensão de espírito, o desastre poderia atingir proporções catastróficas. Guardei silêncio para evitar o pânico.

pranchada começou, por fim, com cinco participantes. Chegada a minha vez de atirar, respirei fundo, agarrei-me à espingarda, sacudi os ombros. Era agora! O primeiro tiro do resto da minha vida.

Porque, calara-o até então, envergava a estrear o colete de um grande atirador, um caçador de nomeada. Levado pela idade e pela doença, esse foi para mim o seu legado. O colete! Falhar, naquele momento, seria não estar à altura. Desonrá-lo.

O prato saiu baixinho, laranja vivo, com o sol da cor dele. O primeiro disparo deixou-o ir, o segundo escaqueirou-o. E os pratos seguintes, então, quase todos eles, foram sempre a aviar. Neste meu abraço de saudade ao estimado parente e querido Amigo António de Souza-Cardoso, de Eiriz, Baião.

 

 

O outro lado do debate

João-Afonso Machado, 13.07.11

Entre os dois candidatos à chefia do PS, a divergência parece insanável: Francisco Assis defende calorosamente o direito de voto extensível aos não militantes; António José Seguro sustenta - também com galhardia - justamente o contrário.

E nisto ocuparam ontem um debate televisivo inteiro, com gravidade e verbo, discutindo se assim fica, ou não, em perigo a intervenção e o exercício da cidadania (em que cidade?) dos membros da família socialista.

Do lado de cá da televisão (ou do plasma, claro) todos iamos percebendo o óbvio: Seguro tem fortes apoios na estrutura partidária; Assis, nem tanto. É apenas isso que está em causa.

E por causa disso, perdemos outra vez algum excelente episódio do Bonanza. Ou do Sandokan. Ou do McGiver. Ou - agora mais do que nunca - do desmazelado tenente Columbo.

 

Ordem de serviço

João-Afonso Machado, 13.07.11

A esquadra da PSP de Aldoar, no Porto, há décadas provisóriamente instalada na Rua do Pinheiro Manso, dispõe de três viaturas de serviço, duas das quais avariadas. Enquanto o mecânico não chega, ante aquelas egrégias instalações desenha-se uma sempre mais vasta colecção de sucata, automóveis ou motorizadas apreendidas, ali apodrecendo compenetrada e obedientemente. E impositivamente, também, perante cidadãos submissos em órbita do quarteirão, em busca de uma vaga para estacionar...

Ficam assim reunidas as condições para que a esquadra de Aldoar, atenta a escassez de recursos, se mantenha no exercício da suas funções públicas e securitárias. Como? Levando a cabo operações stop em plena rua. À porta daquele santuário. Assim garantindo acabarem com o abuso dos carros arrumados em cima do passeio. Multando. Assim providenciando algum conforto adicional ao erário público. E tudo numa artéria onde, de tão estreita, são poucas as probabilidades de a uma ordem de paragem algum automobilista responder com as armas de S. Francisco.

Tudo isto não seria notícia não se desse o caso de ocorrer um pouco por todo o País. Os soldados da GNR, por exemplo, devem patrulhar e manter a ordem ou antes varrer a parada do quartel? E quem tenta pôr cobro aos assaltos às caixas multibancos? Ou perseguir os ladrões de ourivesarias?