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Perdi-me. Nesta minha já provecta idade, aventurei-me fora do meu mundo e perdi-me. Debalde tenho procurado o caminho de regresso, sistemáticamente confundido com as mais enganosas vias, a rondar por vezes o letal beco sem saída.
Ainda ontem (anteontem?) à noite assim foi. Munido de alguns papeis que me pareciam fiáveis, com exposições afirmativas, garantias de albergue seguro, arrisquei mais uns telefonemas, umas mensagens: "estou aqui; espero por ti". E... nada!
Nada mesmo. Nem uma resposta. Serenamente fui coleccionando "nadas". Elucidadamente fui percebendo que esses "nadas" são potenciais morteiros no usual campeonato do "quem despacha quem". Mas isso não conta.
(Só se isso contar na poesia dos ditos encaramelados e refastelados na poltrona. Na poesia dos poetas, o que há é levantar a cabeça e correr e morrer pelo que se quer. Sem subterfúgios e com toda a força, com toda a brutalidade semântica das palavras, a gritarem bem alto a verdade. Mais ainda: a realidade - ainda que envolta no "manto diáfano da fantasia"...).
De modo que essa tal palavra - o "amor" - levou tratos de polé em toda esta futebolada. Pior: rasteirada, lesionada, saiu antes do intervalo, sob um coro de assobios. Cá para mim, devido às promessas da equipa técnica, afiançando este seria o jogo da sua vida. Enfim, conjecturas, nada mais do que conjecturas. Porque foi levado pelo desconsolo que dei comigo, novamente, às reencontradas portas do meu mundo. Para lá das quais reside a liberdade e ninguém depende de alguém. Onde a retórica vã não cria raízes e a determinação da vontade emparelha com a clareza dos gestos.
(Vinhas atrás, mas não quiseste, ou não soubeste, entrar. Se mudares a opinão, entretanto, nem toques a campaínha: a chave está debaixo do tapete. E um beijo enorme acolhe-te logo a seguir.)