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MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

Linha do Norte

João-Afonso Machado, 06.07.11

Uma vez mais o movimento dos automóveis e dos camiões se avizinha do nosso percurso, em estrada engalanada de fabriquetas e casario. Mas não por muito tempo. A vegetação torna a cobrir o cenário e são mais as cegonhas, nos seus ninhos, do que os humanos. Porque os postes de alta tensão tracejam um risco permanente no ar, ao longo destes quilómetros em que regressa a juventude dos eucaliptos, a florestação, regressa também o mato bravio, aparentemente inútil. E os pinhais, os carreiros na terra onde trota o burrico, há muito verde que o Tempo ainda não matou. Entre vinhas e olivais, alguma moradazita tristinha. Mais postes e as cegonhas de pé, como se à janela, dentro das suas cabanas de lenha seca.

 

 

Lisboa, Lisboa...

João-Afonso Machado, 06.07.11

Cheguei no comboio e fui divagando pela cidade, até onde muito bem sei. Num fim de tarde de sentidos libertos e estas linhas rabiscadas em pastelaria onde recentemente me afreguesara.

É, não fiz a coisa por menos: assentei arraiais mesmo debaixo da cama onde, tantas e tantas vezes, ficara bem por cima.

(Qual não foi o meu espanto, então a "crise" não fechou, entretanto, o stand automóvel em frente, do outro lado da avenida?!).

Nada procurava, nem mesmo um pretexto... Muito menos a histeria das ameaças ou qualquer recusa vil, a recordar-me todos os copos de água que eu recusei recusar. Apenas passeei a caneta pelo bairro, aliviando-a da trela na dita pastelaria. Como sempre, atenciosíssimos os empregados...

Tomei, então, o pulso às voltas do mundo. Ao efémero da vida, cheia de sentido prático e muito despachada, mesmo quando matraqueia estrofes desconexas e superficiais, quiçá repetitivas.

Eu tinha de medir a rapidez com que o nojo e a repulsa pela intimidade se hão-de transformar em novo caminho corrido a par. Rumo à terrivel velhice...

Como fora antes, exactamente como agora é. Como foi comigo. Sempre com planos sérios, adultos, logo esquecidos no tapete da sala, quais brinquedos de criança.

Sobrava ainda a excitante proximidade das muitas horas de sono substituido por toda a loucura que a imaginação produz. Nos precisos momentos em que verdadeiramente senti que dois eram um só. E insisti: assim eu partira, assim outro está já para chegar. Chamemos-lhe os ciclos da vida... Esfriemos o bastante. Tudo passa aceleradamente, como um secador de cabelo sobre duas lágrimas a rolar na cara.

E parafraseando Emília, a boneca do Sítio do Pica Pau Amarelo, personagem de Monteiro Lobato, ordenei a mim próprio: bota aí um ponto final. Foi quando paguei a conta, atirei a mochila às costas e saí para jantar com os meus parceiros e amigos do Corta-Fitas.

 

De gestões boas e más

João-Afonso Machado, 06.07.11

O mundo empresarial do Norte agita-se, agora que a privatização da TAP e entidades afins é tema candente.

Muito particularmente a polémica instalou-se à volta da ANA, a empresa pública encarregada de gerir as infra-estruturas aeroportuárias. Porque se desconhece as particulares situações da Portela, dé Pedras Rubras, de Faro ou das ilhas neste domínio. A ANA recusa revelá-las.

Mas existe a clara percepção de que, uma vez mais, a exploração do aeroporto Sá Carneiro subsidia os desaires dos demais. Como motivar, assim os potenciais investidores na alienação que se perspectiva?

E, principalmente, - chegou, ou não, o fim das histórias do gato escondido com o rabo de fora?