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Cheguei no comboio e fui divagando pela cidade, até onde muito bem sei. Num fim de tarde de sentidos libertos e estas linhas rabiscadas em pastelaria onde recentemente me afreguesara.
É, não fiz a coisa por menos: assentei arraiais mesmo debaixo da cama onde, tantas e tantas vezes, ficara bem por cima.
(Qual não foi o meu espanto, então a "crise" não fechou, entretanto, o stand automóvel em frente, do outro lado da avenida?!).
Nada procurava, nem mesmo um pretexto... Muito menos a histeria das ameaças ou qualquer recusa vil, a recordar-me todos os copos de água que eu recusei recusar. Apenas passeei a caneta pelo bairro, aliviando-a da trela na dita pastelaria. Como sempre, atenciosíssimos os empregados...
Tomei, então, o pulso às voltas do mundo. Ao efémero da vida, cheia de sentido prático e muito despachada, mesmo quando matraqueia estrofes desconexas e superficiais, quiçá repetitivas.
Eu tinha de medir a rapidez com que o nojo e a repulsa pela intimidade se hão-de transformar em novo caminho corrido a par. Rumo à terrivel velhice...
Como fora antes, exactamente como agora é. Como foi comigo. Sempre com planos sérios, adultos, logo esquecidos no tapete da sala, quais brinquedos de criança.
Sobrava ainda a excitante proximidade das muitas horas de sono substituido por toda a loucura que a imaginação produz. Nos precisos momentos em que verdadeiramente senti que dois eram um só. E insisti: assim eu partira, assim outro está já para chegar. Chamemos-lhe os ciclos da vida... Esfriemos o bastante. Tudo passa aceleradamente, como um secador de cabelo sobre duas lágrimas a rolar na cara.
E parafraseando Emília, a boneca do Sítio do Pica Pau Amarelo, personagem de Monteiro Lobato, ordenei a mim próprio: bota aí um ponto final. Foi quando paguei a conta, atirei a mochila às costas e saí para jantar com os meus parceiros e amigos do Corta-Fitas.