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MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

É bom clarificar.

João-Afonso Machado, 07.05.11

Na campanha eleitoral que se seguiu ao anedótico Governo santanista, o então estreante líder do PS - nem mais do que Sócrates - declarou repetida e perempóriamente só governaria com maioria absoluta a apoia-lo. E, muitas vezes instado a admitir o cenário de um resultado menos favorável, o homem - casmurramente, malcriadamente - insistia: não havia, nem admitia, outra hipótese, para além da sua "maioria absoluta".

Ficámos a não saber como iria ser. Até à verificação da imposição socratiana.

Ontem, Passos Coelho anunciou em caso algum haverá um Executivo PSD/PS. Limpidamente porque não considera possivel partilhar responsabilidades governamentais com o autocrata socialista. Como tantos e tantos de nós também não se sujeitariam.

Ficámos, assim, a saber o que não vai ser. Com tempo e espaço para reflectir e optar. Como é desejavel que aconteça.

Passos Coelho já subiu no meu barómetro. Só por causa da sua clareza. E, a avaliar pelos ecos da Imprensa, o anti-ciclone dos Açores vai fazer das suas na política nacional.

 

 

Os desiludidos do PS

João-Afonso Machado, 06.05.11

Também podemos falar do que se passa lá dentro. No interior do PS que não se quer o Partido Socrático. Ou mesmo Socratino.

Como em toda a parte, há muito boa gente por essas bandas. Com um ideário obviamente diferente - e talvez nem tanto, em alguns aspectos fundamentais - mas sempre pautando as suas intervenções por regras de bem-comum e de decência.

Falo de pessoas, mesmo no universo da disputa politico-partidária, que não confundem a estratégia com estratagemas. E não se identificam com este novo-riquismo ostensivo e perdulário da garotada ao leme do iate socialista. Muito menos de pessoas capazes de sacrificar o futuro do País a um insaciável apetite de Poder.

Não tenho em mente nem um nem dois casos. Conheço vários. Amplas vivências políticas de muitos anos e obra consumada (goste-se, ou não, dela). Agora afastando-se discretamente - apesar de tudo foi, é, o partido deles - do cesarismo de Sócrates.

Oxalá tal não passe despercebido ao eleitorado.

 

E a Taça fica no Entre-Douro-e-Minho!

João-Afonso Machado, 05.05.11

Já ninguém a tira cá da nossa terra. Ou no Porto ou em Braga, a taça da Liga Europa tem quem lhe dê boa guarida. E tanto faz qual seja seja o guardião. Porque o FCP é, sem dúvida, o maior, mas os bracarenses tudo merecem. Suba a taça ao cimo, seja dos Clérigos, seja do Bom Jesus.

(Consta até que o FMI e a UE vão rever as taxas de juro, em homenagem aos finalistas deste ano - o F. C. Porto e o S. C. Braga).

 

Coincidência, opção ou recurso?

João-Afonso Machado, 05.05.11

Eduardo Catroga liderou a equipa do PSD que se confrontou com a Troika, nestas semanas de devassa e, soit disant, negociações.

O seu curriculo está acima de quaisquer reparos, bem como o seu desempenho nesta missão. Mas Catroga pertence já a uma geração mais antiga. Onde ficaram os politicos, os estadistas do mesmo escalão etário de Passos Coelho? Ou mesmo do intermédio, do que se situa entre o líder do PSD e o antigo Ministro das Finanças?

Repare-se, em contraponto, no mecanismo accionado por Sócrates: Silva Pereira a ponta-de-lança, enquanto o nosso futuro ex-1º percorre essas amazónias todas, sempre em estridencias de arara - e ressurge nos anais da história do burlesco com Teixeira dos Santos pela mão, qual Frankenstein sedado, a anunciar o que não vai ser, omitindo o que iremos sofrer.

Suicídio político dos socialistas? Não é o que as sondagens indiciam...

 

Escoceses de Vila Pouca de Aguiar

João-Afonso Machado, 04.05.11

Inverness foi uma visita acelerada, invejosa de um rio assim transparente e, uma vez mais, daqueles multicoloridos canteiros. Então a fome chamou por nós, almoço é almoço, portugueses são portugueses. Não houve critério na escolha do restaurante e, quando nos sentámos à mesa, uma simpática menina falou connosco a nossa sacratíssima Lingua. Como também os seus pais que logo acorreram, num esgar imenso de hospitaleira saudade.

Eram os donos do estabelecimento. Oriundos de Vila Pouca de Aguiar, onde tornavam todos os anos, em gozo de férias.

Foi uma vida inteira conversada naquele bocado de tempo. A Samardã de Camilo, os gloriosos idos das minas de Jales, quando dela brotava ouro, as castanhas, soutos depois de soutos, toneladas delas, assadas, cozidas, a aquecerem-nos as mãos gélidas dos novembros e dezembros. E Vila Real, armada em cosmopolita, desajuizada de arranha-céus...

Até o chicken era diferente. A sério! Tinha qualquer coisa dos nossos portugalicócórócós pica-no-chão. Do melhor que poderiamos encontrar por tais bandas.

Houve beijos e abraços à despedida. Somente Nessie não compareceu depois ao encontro, faltando maldosamente à sua promessa.

 

Nada de equívocos!

João-Afonso Machado, 03.05.11

Não são orelhas que andem à cata de segredos conspirativos. E não há mentira no seu olhar, ou falsidade na expressão. Antes a reflectida sabedoria de um filósofo, a humilde contrição de um erudito. Embora fosse domingo, um dia dedicado ao descanso, jamais às actividades académicas.

Bom amigo, respeitador, educado, cultiva a arte do diálogo e não escouceia os jornalistas. Nem as crianças (que o adoram e a quem não presenteia com quinquilharias), nem os que o rodeiam em geral. A nada ambiciona, senão a uma vida pacata.

Aliás, é o que sobressai daquelas fossas nasais com os pés bem assentes na terra, nos antípodas do nariz empinado dos pinóquios da nossa desgraça. Mas não vira a cara ao trabalho: na sua última deslocação ao Algarve, era vê-lo a acartar alfarrobas, arduamente, exemplarmente. A recusar depois o convite para uma estadia em hotel de luxo. Por mera questão de princípio, explicou. Os tempos não estão para isso...

Enfim, não se confunda tão honesto equídeo com o muar ordinário que, a estas horas, já zurra nessas mentes por aí.

 

Gringos!

João-Afonso Machado, 02.05.11

Conforme explicou, de Dallas a Famalicão City é um instante, agora que a A3 surge logo após a ponte do Freixo. E, realmente, J. R. ninguém fez esperar. Chegou no seu Oldsmobile Ninety-Eight, sempre sorridente, sempre jovial. Aparcou no nosso E. Leclerc Building. Esperavam-nos os magnatas da Braga Oil e logo todos se encaminharam para o Mac Drive ali nas cercanias.

Um vendedor de ponchos e coloridas flautas artesanais exclamou um pouco alto demais: "Gringos!", e levou uma tapona de um segurança.

Mas tudo se passou despercebidamente. E o importante é que há petróleo no Minho!

O Grande Congresso das Bruxas

João-Afonso Machado, 01.05.11

Decorre cá em Portugal, à porta fechada. Mesmo nós, da Comunicação Social, apenas temos acesso ao parque de estacionamento. No Grande Congresso das Bruxas (GCB) a complexidade dos temas não está ao alcance das gentes. Sempre assim foi, e é-o sobretudo este ano.

Por razões de segurança, explicam os encartados em feitiçaria. Não vá algum leigo sair dali transformado em sapo ou a rabiar como uma cobra. O ambiente é pesado e escuro como uma noite de lua nova. Trocam-se acusações mútuas de prática impune de magia negra, todos se querem arautos da magia branca. Salvífica.

Ninguém sabe para quando o fim dos trabalhos. Sobretudo depois das mais recentes intervenções dos convidados oriundos das castelanias onde o vento uiva e a neve se acumula. Ao lado dos quais os nacionais, nossos, cumprem o simplório papel de aprendizes de feiticeiros. E, resmungando embora, acabam obedecendo servilmente ao jugo da fatalidade. Isto é: dos efeitos das varinhas de condão que apontaram aos próprios pés.

Assim os comuns mortais escapem à previsivel guerra de raios e coriscos em que possa acabar o GCB. Sem maçãs envenenadas e com uma sopinha inocente a confortar-nos o dia-a-dia. Abracadabra.

 

Linha do Norte

João-Afonso Machado, 01.05.11

...

Mas eis que tudo se transforma no instante de uma curva da ferrovia. Regressam as estradas marginais, os automóveis a par com o comboio, tão a par que os seus ocupantes quase familiarmente se empenham em conquistar-nos uma qualquer meta, além mais. Voltam também as fábricas, o casario, gados domésticos, renques de eucaliptos. As cores produzidas pela imaginação das gentes… Em resumo, retalhos, a maior parte dos quais de nenhum proveito para a vista. E a tesura dos ciprestes previne a proximidade do cemitério onde jaz, e de onde não volta, a magnitude da lezíria. Estamos chegados a outro planeta.

Ou, numa primeira impressão, a um filme de ficção científica. Multiplicam-se os carris, alargam-se as linhas sem continuidade, dispersas nas décadas. Vai esmorecendo o feroz ritmo em que seguimos, o bastante para sentirmos o esquecimento, a humidade ferruginosa reinante. É o retorno ao caos. Ao luto de tantas carruagens, tantos vagões, apodrecendo nas redondezas. Na envolvência de oficinas que talvez já nem o sejam. Uma lanceta a cravar-se-nos no coração, a do abandono, deixando um rasto oxidado na memória dos viajantes. Porque em quanta daquela sucata não nos assentámos, sabe-se lá quando, confortavelmente instalados, a percorrer o País?

 

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