Tantos foram os incrédulos
Quando o genial Edgar Cardoso apresentou o seu projecto para a nova ponte, não faltou quem vaticinasse a catástrofe. Aquele arco lançado sobre o rio, sem um apoio, qual mola de amortecedor, não resistiria. A ponte jamais chegaria a ser ponte, alvitravam os mais conhecedores... De modo que, em 1963, aquando da colocação da secção central, tripeiros e gaienses amontoaram-se nas margens, a uma distância prudente, de binóculos em punho, a máquina fotográfica em riste, para assistir ao desastre, nada do apocalipse ficasse por registar. Um pouco à semelhança do sucedido, uns séculos antes, com a célebre abóbada da Batalha.
Tudo correu bem, ninguém morreu e a terceira ponte (em antiguidade) do Porto foi o princípio da auto-estrada voltada a sul - essa sim, uma ponte complicadíssima, só concluida trinta anos depois...
Edgar Cardoso ainda riscaria a também magnífica Ponte de S. João, substituta da velhinha D. Maria, uma autêntica pista ferroviária sobre o rio. Era, então, já octogenário!
Mas aqui da Arrábida há paisagem para todos os gostos. A montante, as cidades que o Douro congrega: o Porto e Gaia; opostamente, a foz, as embarcações e as gentes piscatórias da Afurada - a vastidão, o mar e o céu, notícias e ecos da tempestade.