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MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

Na alvorada de mais um dia de campanha

João-Afonso Machado, 27.05.11

Ainda baila nos olhos da multidão a imaculada aparição de Louçã a amanhar um peixe-espada. Portas está com um problemazito de herpes labial. Continua por anunciar a posição oficial dos Verdes, ecologistas, face às poluentes descargas de tinta nas escadarias da Universidade coimbrã: a CDU vacilará? E, em entrevista de ócio à Renascença, Passos Coelho exumou a questão do aborto - já no exterior, penhoradíssimo, Sócrates abraçou-o e soltou o seu proverbial "porreiro, pá!".

Assim vai a campanha eleitoral.

A indecisa esmagadora maioria dos portugueses protesta, cansada de não ter por onde decidir. De permeio, manifesta o seu desagrado face à governação socialista, mais Vader agredido, menos megafone estilhaçado. Mas quem não saltar de felicidade, quem protestar, é fascista. João Soares, a noite passada em Faro, uma fera, um paladino da Liberdade.

Em crónica recente, Manuel Falcão invoca os 3 D's que nortearam o magistério socrático: Desemprego, Dívida e Descalabro. Excelentemente sintetizado. E acalenta a esperança de Hollywood lançar mãos à obra, como quem diz, a uma mega produção sobre Portugal. Com Sócrates em vez de Cleópatra, penso eu.

 

A gente está sempre a aprender

João-Afonso Machado, 27.05.11

Bela vivenda, sim senhor! Há uma parecida na minha terra, assim côr-de-rosa, mas muito mais pequena, claro, e falta-lhe o arvoredo. Além de que esta tem vista para o mar e transportes públicos à porta...

Um parzinho namorava na relva, perto de mim. Talvez se disponibilizasse para satisfazer a minha curiosidade. Pedi desculpa e inquiri.

- Isso aí? É o Palácio de Belém.

E sufocou-se num beijo enorme, de quem esgotou o repertório de informações. Afastei-me. Um palácio! Sempre ouvira dizer, palácios pertenciam ao passado, às monarquias... Mas este até tem uns guardas empenachados ao portão, de espadas em punho... Já sei! É uma embaixada. Da Etiópia, possivelmente. Não, está ali a bandeira: do Gana ou dos Camarões. À grande e à francesa, estes africanos... Mas sempre a queixarem-se.

Ainda sem certezas, abordei um cavalheiro, já de idade e sem namorada. Com tempo. Então que embaixada era aquela?

- Embaixada? A sede da Presidência da República, diga antes!

Embasbaquei. Mas a República não vive tirando aos ricos para dar aos pobres? E alapa-se assim, toda luxo e requinte, ele é só Mercedes a entrar e a sair... O ancião sorria.

- Para dar aos pobres? Meu jovem amigo, pureza a sua... Olhe, dali, a aproveitar ao povo (pagando bilhete, evidentemente), só o Museu Nacional dos Coches. Aliás, fundado pela Rainha D. Amélia, como Museu dos Coches Reais... Mas desde 1911, quando eles se instalaram...

- "Eles", quem?,

quis saber, já completamente baralhado na História.

- Eles, os Presidentes da República. Ou o meu amigo julga que esta gente não gosta do bem bom?

Bela vivenda, perdão, palácio, sem dúvida. Com vista para o mar e guardas perfilados ao portão. De repente apeteceu-me ser Presidente. E, numa derradeira interrogação ao simpático velhinho:

- E o que fazer para chegar a Presidente?

- Para chegar a Presidente? Oh oh oh!!! Talvez jogar todas as semanas no euromilhões. E, ganhando, comprar o Palácio de Belém.