Gorila velho em Vila Franca de Xira
Rondou-o discretamente, mas apertando sempre o cerco. E deixou que Sócrates prodigalizasse os beijinhos e acenos à multidão e partisse finalmente. Depois foi o que se viu: caiu de imediato em cima do Vader do Fraque, mimoseando-o com encontrões, agressões e - percebeu-se claramente - com todos os epítetos por hábito dirigidos aos árbitros, do cimo das bancadas.
Sócrates nada soube, por isso. Poderá manter a sua virginal expressão democrática, se interrogado. O gorila, já velho e pesado, não se atreveria a tanto num face a face em campo aberto e sem reforços garantidos. Nem, tão pouco, se em vez do Vader do Fraque surgisse o Coelho da Madeira, de vassoura às costas. Porque esse é maluco, faz o que lhe dá na real gana e a repercussão, nos media, de qualquer gesto mais violento seria sobejamente incómoda.
O gorila - pese embora a sua inocultável condição de reformado - sabia o que fazia. E, mesmo adivinhando-se soletre com dificuldade, lá lhe inocularam irremediávelmente o vírus do jacobinismo maçónico, sempre presente na tradição socialista. Daí a especial atenção dedicada ao pacífico Vader do Fraque...
Significativamente, os agentes da PSP divertiam-se em amena cavaqueira com este último. Pois... tambem eles se vêem já na contigência de cobrar - os seus próprios vencimentos.
Enfim, a cara do gorila ninguém a esquece. Haverá novas oportunidades de o ver em acção...