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MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

Haverá algum candidato mais famalicence do que eu?

João-Afonso Machado, 15.05.11

Mesmo que os meus antigos companheiros do Liceu, ou até o espelho mágico, respondessem de feição à pergunta, nem por isso me veria transformado no melhor candidato, como é evidente. Aliás, pobres famalicences, pobres portugueses, comigo no Governo ou na A. R. ... Mas, enfim, a gente tem de se habituar a puerilidades de semelhante calibre.

Até porque, no essencial, não restam dúvidas de que Paulo Portas tem casamento (político) assegurado. Da outra banda nupcial é que permanece a incógnita: Passos Coelho ou José Sócrates?

Ora - importantíssimo aspecto - Passos Coelho parece ter ainda em branco (virginal) o seu pessoal Livro Negro da Honestidade. E, em tal matéria, sobre Sócrates... estamos conversados. Vai daí a opção de voto fique tomada a favor daquele africano de gema.

Oxalá, já agora, em todo este axadrezado de termos, não se estabeleça a confusão: não se trata do Boavista, nem de questões étnicas, mas apenas de política.

 

Pedreiros de antigamente

João-Afonso Machado, 15.05.11

Iam da alvorada até à noitinha. Lembro bem aquelas figuras secas de carnes, crestadas pelo sol, a boina sempre na cabeça. Postas diante de uns quantos blocos de granito e de uma empreitada, um muro a erguer.

Enrolavam um cigarro e começavam a magicar como terçar forças com aquela tonelagem toda. Tiravam medidas, agarravam no cinzel e no maço. O João Batata e o Passos, algum aprendiz, por vezes. E a manhã ia-se numa batida metálica, compassada. Antes da movimentação das pedras, outra tabacada a planear a operação. Uns rebos à frente, para elas deslizarem, as alavancas às mãos ásperas como lixa, e uma cuspidela nos dedos, um cantarolar monocórdico

- Eia, pedrinha, eia!

- Sutil, pedrinha, sutil, eia!,

porque era preciso subtileza, vagar, cautela, não fosse alguma entaladela subir o tom ao musical, transformando-o em vernáculo tremendo

- Ah, grande porra!,

e o mais que se adivinha, com redobrados cuidados na maré das trancas e roldanas, a parede já com formas muito nítidas e outra pausa e outro cigarrito.

O Pai jamais precisou vigiar o labor em que o João Batata e o Passos empenhavam a sua honra e a sua ciência. E eu, miúdo de calções, assim demorava horas assistindo ao compassado, mas eficaz, trabalho dos pedreiros desse remoto tempo.

 

Um tema cada vez mais actual

João-Afonso Machado, 15.05.11

Felizmente - sobretudo para uma geração que já não é a minha - há preconceitos de toda a ordem que se vão esbatendo. Como, por exemplo, bem se conclui do estudo "A articulação família-trabalho em famílias monoparentais masculinas", da autoria de Sónia Vladimira Correia, do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.

Trata-se, em suma, da avaliação das relações entre pais e mães e os seus filhos, nascidos fora do casamento ou em casos de divórcio ou viuvez.

Os menores sob avaliação situam-se no escalão etário dos 10-12 anos. E a vantagem dos progenitores reside no facto de melhor "preparar para a vida", enquanto as progenitoras se preocupam em "proteger para a vida".

Uma diferença de atitude que deixará marcas decisivas nessa mesma vida... Principalmente quando adivinhamos a vida que aí vem.