Invocando uma sangrenta crise republicana
Muito sucintamente foi isto: em 1915 a República estava ao rubro, em permanente ameaça de conflitos armados entre facções e de convulsões sociais. Vivia-se pessimamente, com as milicias de Afonso Costa (a famigerada formiga branca) dominando a capital e cometendo as maiores tropelias.
O Presidente Manuel de Arriaga - um homem bom e desiludido - convidou o septuagenário General Pimenta de Castro para formar Governo (assim depondo o chefiado por Victor Hugo Azevedo Coutinho, caricaturalmente conhecido como o dos Miseráveis...) onde se juntassem ministros oriundos de todos os partidos da República.
Seguiram-se semanas, meses, de contestação e caceteirismo afonsista nas ruas de Lisboa. À frente das tropas pró-governamentais, Machado dos Santos, incapaz de suster a insurreição. Nem mesmo contando com a fidelidade da Cavalaria e dos cadetes da Escola de Guerra.
Os estabelecimentos comerciais foram saqueados. Roubou-se, sobretudo, muito vinho, um dos principais ingredientes de qualquer arruaça ou motim. A formiga branca sabia-o e actuou, como sempre, com a máxima eficiência.
Feitas as contas, morreram nesse dia - 14 de Maio de 1915 - cerca de 200 pessoas, só em Lisboa. Os feridos ascenderam os mil. Arriaga, Pimenta de Castro e Machado dos Santos seguiram para o exílio, empurrados pelos "democráticos". Logo - democráticamente...
Não há registos de outra rebelião com tão elevado número de vítimas. Esperemos, ainda assim, que a República se fique por aí, nada fazendo para subir a fasquia...