O Grande Congresso das Bruxas
Decorre cá em Portugal, à porta fechada. Mesmo nós, da Comunicação Social, apenas temos acesso ao parque de estacionamento. No Grande Congresso das Bruxas (GCB) a complexidade dos temas não está ao alcance das gentes. Sempre assim foi, e é-o sobretudo este ano.
Por razões de segurança, explicam os encartados em feitiçaria. Não vá algum leigo sair dali transformado em sapo ou a rabiar como uma cobra. O ambiente é pesado e escuro como uma noite de lua nova. Trocam-se acusações mútuas de prática impune de magia negra, todos se querem arautos da magia branca. Salvífica.
Ninguém sabe para quando o fim dos trabalhos. Sobretudo depois das mais recentes intervenções dos convidados oriundos das castelanias onde o vento uiva e a neve se acumula. Ao lado dos quais os nacionais, nossos, cumprem o simplório papel de aprendizes de feiticeiros. E, resmungando embora, acabam obedecendo servilmente ao jugo da fatalidade. Isto é: dos efeitos das varinhas de condão que apontaram aos próprios pés.
Assim os comuns mortais escapem à previsivel guerra de raios e coriscos em que possa acabar o GCB. Sem maçãs envenenadas e com uma sopinha inocente a confortar-nos o dia-a-dia. Abracadabra.