«Ninguém esqueceu a célebre ceia no Silva e a intemerata aparição da D. Adozinda, o seu vestido vermelho, as taças de champanhe que sorveu, o profundo saber político alardeado. E, sobretudo, a intimidade que mantinha com o Deficit, esse "belo rapaz" com quem passeava em Sintra. Um empregado do "Banco Inglês", afinal, decerto desconhecendo as infidelidades da D. Adozinda, na madrugada da farra no Silva rifada ao Teles - um genuíno fala-barato, por sinal.
E foram tais as peripécias narradas pelo Teles, decidiram os mais crédulos correr a cidade em demanda de tão promissora amante. Viriam a encontrá-la no mercado, onde a D. Adozinda - Adozinda de Sousa, apresentava-se, então, cheia de prosápia - gastava as horas do dia gabando os méritos das suas rosas.
No regresso dos nossos investigadores, as suas impressões, porém, eram uma autêntica coligação de negativismos
(- Decididamente, uma desilusão!,
desabafavam, arrependidíssimos de tanto empenho)
porque lá no mercado reinava a desconfiança geral na D. Adozinda, nas suas rosas meladas, no incansável propalar das suas relações sociais, amizades e proximidades
(- Tu-cá-tu-lá com o Pec, imaginem! O 4º do nome!, reforçava toda lampeira),
enfim, na mais completa fantasia em que vivia, mentia, o raio da mulher, esse estafermo que, ao sentir-se desmascarada, deixou-se do Pec queridinho (o 4º do nome) e saiu sorrateira, porta fora.
Tomada de uma profunda crise de choro e raiva, juraram-me e eu acreditei».
(Com a devida autorização do meu Amigo J. da Ega, a quem muito agradeço).