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MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

A Rotunda, outra vez

João-Afonso Machado, 30.03.11

Desta feita, no Porto. As tropas voltaram a convergir para a Rotunda. Face a face, um regime incorrígivel e os símbolos de um Portugal que soube enfrentar e vencer o Império napoleónico.

Ouviu-se o troar dos canhões. Do lado oposto ao dos disparos, ninguém perdeu a compostura: a História é serena. E tentando ver um pouco além do óbvio, talvez seja de acreditar no Futuro, quando o Presente ainda invoca o Passado. Pelo menos no que tange à nossa identidade nacional.

(O Consul francês na cidade, convidado para as comemorações do bicentenário das Invasões, sorria no palanque, amareladamente. Tal como não acontece, na actualidade, nos conclaves ministeriais da União Europeia...).

 

O novo Movimento Partido do Norte

João-Afonso Machado, 30.03.11

 PARTIDO DO NORTE.jpg

Já os vi em Cedofeita e nas imediações do IPO e do Estádio do Dragão. Apresentam o seu ideário e recolhem as assinaturas da lei. O propósito é constituir um novo partido pugnado pelos interesses nortenhos. Daí o Partido do Norte.

Não se dizem da Direita nem da Esquerda. Somente actuantes contra os abusos do Poder Central, pelo desenvolvimento da Região. Aqui e no Parlamento, de dedo apontado ao Governo.

Pintados de azul e branco, causaram boa impressão. Mesmo a muita gente das altas esferas da nossa vidinha política, que já lá foi pôr a sua chancela.

 

A tragédia da ponte das barcas

João-Afonso Machado, 29.03.11

Em 29 de Março de 1809 as tropas francesas da 2ª Invasão, tendo partido de Braga, chegavam finalmente ao Porto. A notícia fez o pânico alastrar, e a fuga foi o intento de toda uma população indefesa perante a fama hedionda de Soult e dos seus soldados. Os quais, de resto, principiaram logo banqueteando-se com o saque do burgo, sem deixar peça de ouro ou de prata no seu sítio.

O rumo possivel, para escapar às atrocidades do exército napoleónico, era apenas o do rio. A sua travessia, Gaia e, servindo de barreira à progressão da jacobinagem, a força das águas, uma vez utilizada e destruida a ponte.

Vale dizer, uma longa sequência de barcaças, amarradas entre si, a toda a largura do Douro, e com um estrado por cima. Frente ao cais da Ribeira.

A multidão precipitou-se sobre esse improviso oscilante. Que cedeu, quebrou, a meio do percurso. Na aflição das gentes, os que vinham atrás não se aperceberam e continuaram a gritaria, os empurrões, a correria... para a morte.

Parece não ser possivel determinar com precisão quantos os afogados e desaparecidos. Entre os 400 e os 2.000 há muitos números e muitos autores, coevos ou não, absolutamente díspares. Sabe-se, de ciência certa, que - como quase sempre - as vítimas foram sobretudo mulheres e crianças.

As "Alminhas da Ponte" é um baixo-relevo da autoria do Mestre Teixeira Lopes (pai), em 1897. Então como hoje - 202 anos volvidos sobre o desastre - mantém acesas as velas quem não esquece os (possivelmente) seus antepassados, o horror dos seus momentos finais, a raiva que os tripeiros sempre manifestaram ante os estranhos que chegam e querem mandar e rapinar.

 

Sócrates a todo o vapor

João-Afonso Machado, 28.03.11

Não obstante a situação que voluntáriamente criou e baptizou de "crise política", para assim conseguir um pretexto para antecipar as eleições e alijar responsabilidades na Oposição - não obstante esta sua conduta, bem falando por si, Sócrates já está no terreno à velocidade máxima. Berrando desalmadamente. Como se sabia - há sempre fontes... - a pregar contra os alegados propósitos anti-"Estado social" do PSD.

Semelhante descaramento - não seria a primeira vez - pode produzir os resultados pretendidos. Sobretudo nos mais desatentos, que são, infelizmente, muitos.

E pode mobilizar a Direita, mesmo a apartidária, em volta de alguém ao menos honesto. É que já nem se pede mais: ao menos honesto.

Porque sendo honesto, saberá, certamente, rodear-se de competências e disponibilidades para servir o interesse nacional. Venham elas de que quadrante político vierem.

Chega de intrujice!

 

O PS no seu melhor

João-Afonso Machado, 26.03.11

Provávelmente a ninguém escapou a expressão do Ministro Silva Pereira, na sua última intervenção no Parlamento, acerca das consequências da recusa, pela Oposição, do famigerado PEC IV - a apocalíptica premonição "ainda não viram nada".

Evidentemente, sem concretizar o que, na sua ideia, viria a ser visivel.

Já hoje, com a maior naturalidade, os jornais aludem a uma reunião entre Sócrates e os seus deputados. Objectivo: lançar, como estratégia eleitoral, a denúncia da "agenda liberal" do PSD, e o seu propósito de desmantelamento do "Estado social"; mais a prazo, um discurso em congresso "para fora", obviamente ainda contra o principal partido oposicionista.

Afinal, Silva Pereira na previa - ameaçava. De resto, na sequência de uma estratégia delineada de longa data. É bom que o PSD saiba responder à altura. Em vista de um derradeiro ponto final no socratismo.

 

Recomendações sobretudo práticas

João-Afonso Machado, 26.03.11

Nunca teriamos chegado a tão deploráveis dias se nos ocorresse o óbvio - a Política não anda longe de uma vida a dois.

Em ambas há (devia haver...) comunicação entre os intervenientes, preferencialmente na forma de diálogo. E em ambas, também, muito mais importante do que as saídas da boca, são as palavras lidas nos olhos.

Essas mesmas que invariavelmente passamos adiante. Sem lhes ligar, talvez até porque habilmente escondidas, ou disfarçadas, atrás dos mais imaginativos refúgios.

Mas é nos olhos que residem, e se descobrem, a verdade e a mentira das pessoas. É deles que partem as nossas acções e omissões. A fidelidade ou a traição aos compromissos. São os olhos que nos consentem a quietude ou o passo dado para a frente, para trás ou para um lado qualquer.

Os olhos não enganam, assim nós não queiramos ser enganados. Algo particularmente importante, sobretudo agora, em maré em que os discursos de boca nos vão atulhar os ouvidos.

 

Linha do Norte

João-Afonso Machado, 26.03.11

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... 

O comboio vai como uma flecha. Pequenas cidades, vilas, perfuradas pelo seu assobio, quase sem tempo de ler as tabuletas que as identificam. Rasamos agriculturas ricas, a dois passos de equídeos portentosos, picadeiros, vinhas tratadas com carinho e desvelo. E uma ponte infinita, curvilínea, disparando do topo feixes de cabos, como teias de medonhas aranhas. Depois, mais pastagens suculentas, o gado viçosíssimo e o nosso reencontro com o grande rio.

 

Alguém viu Cavaco por aí?

João-Afonso Machado, 24.03.11

O momento não será o mais adequado para que o Chefe do Estado esqueça uma palavrinha aos portugueses. De esclarecimento, de encorajamento... enfim, um sinal qualquer de que está vivo e no seu posto.

No entanto, ainda agora findos os noticiários televisivos, - nada, silêncio absoluto.

Terá afirmado - quando?, onde? - que o Governo mantém a "plenitude de funções até à aceitação" do pedido de demissão ontem apresentado pelo 1º Ministro.

Oxalá o Governo esteja de acordo com o Presidente da República e, de malas prontas embora, não seja criada uma crise institucional sobre a já famosa crise política.

Parece igualmente certo que amanhã receberá os representantes dos partidos políticos. E, logo na segunda-feira, o Príncipe Carlos de Inglaterra.

Talvez o Chefe do Estado aprenda algo - com esta última visita.

 

Das "Memórias de um Átomo"

João-Afonso Machado, 24.03.11

«Ninguém esqueceu a célebre ceia no Silva e a intemerata aparição da D. Adozinda, o seu vestido vermelho, as taças de champanhe que sorveu, o profundo saber político alardeado. E, sobretudo, a intimidade que mantinha com o Deficit, esse "belo rapaz" com quem passeava em Sintra. Um empregado do "Banco Inglês", afinal, decerto desconhecendo as infidelidades da D. Adozinda, na madrugada da farra no Silva rifada ao Teles - um genuíno fala-barato, por sinal.

E foram tais as peripécias narradas pelo Teles, decidiram os mais crédulos correr a cidade em demanda de tão promissora amante. Viriam a encontrá-la no mercado, onde a D. Adozinda - Adozinda de Sousa, apresentava-se, então, cheia de prosápia - gastava as horas do dia gabando os méritos das suas rosas.

No regresso dos nossos investigadores, as suas impressões, porém, eram uma autêntica coligação de negativismos

(- Decididamente, uma desilusão!,

desabafavam, arrependidíssimos de tanto empenho)

porque lá no mercado reinava a desconfiança geral na D. Adozinda, nas suas rosas meladas, no incansável propalar das suas relações sociais, amizades e proximidades

(- Tu-cá-tu-lá com o Pec, imaginem! O 4º do nome!, reforçava toda lampeira),

enfim, na mais completa fantasia em que vivia, mentia, o raio da mulher, esse estafermo que, ao sentir-se desmascarada, deixou-se do Pec queridinho (o 4º do nome) e saiu sorrateira, porta fora.

Tomada de uma profunda crise de choro e raiva, juraram-me e eu acreditei».

 

(Com a devida autorização do meu Amigo J. da Ega, a quem muito agradeço).

 

 

 

Eleições antecipadas - sim!

João-Afonso Machado, 22.03.11

Não milito em partidos, mas assumo-me de Direita, aliás, com pouca paciência para essas minudências do "centro-direita" e do "centro-esquerda".

De Direita, pois, nunca de Esquerda. Ponto final.

E porque de Direita, ainda, sempre respeitador das ideias e convicções dos outros. De resto, não será com ideologias, mas com gente de bem, que este país se salvará.

Ora sobre o actual Governo, nesta matéria, tudo está já dito! É certo que o Conselho Europeu é importantíssimo. Todavia, mais certo é o apego de Sócrates & Cª Lda. ao Poder. E quanto ao PS - sobrou-lhe tempo para resolver internamente esse problema...

AO PEC IV sucederá o PEC V, por sua vez o antecessor do PEC VI... Ou melhor: só assim não será porque a entrada do FMI em Portugal é incontornável. E o Governo sabe-o há muito. O que vai acontecendo não passa de uma encenação para o grande lema dos socialistas em Maio, na campanha eleitoral: o FMI já cá está por causa da crise política suscitada por Passos Coelho. A ver se abicham o poleiro, outra vez.

Daí o sentido único e pioneiro da antecipação das legislativas: a esperança em que - caso singular - da Direita à Esquerda se dêem as mãos todos os que vierem por bem (e tragam um amigo também...).

A aposta é num Governo apenas centrado na salvação nacional. Até porque não haverá melhor caução face ao mercado. Aos ricos da Europa.

 

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