A palavra ao Bispo do Porto
A «conversa», hoje publicada no JN, entre o Bispo do Porto e o dirigente da Intersindical, Carvalho da Silva, encheu-me as medidas. Como membro da Igreja Católica, desvanecidamente orgulhoso do saber e da sensibilidade de D. Manuel Clemente. Que conheço, apenas, de parte da sua vasta obra publicada, numa perspectiva - digamos assim - de teologia aplicada. Ao caso português, obviamente.
Sua Ex.cia Rev.ª usou de palavras duras. Disse ser necessário "reagir à agiotagem"; dissertou sobre o consumismo - explicou-o como a infelicidade da pessoa humana quando "empenha" o ordenado em "gastos de duvidosa necessidade".
Foi o toque de partida para a reflexão acerca da "solidariedade colectiva", envolvendo a responsabilização da sociedade contra as ameaças do individualismo. E campeou pela ciência económica, pelo Ensino, pelo imperativo da criatividade. No à-vontade de um homem com os pés no mundo terreno, sabedor da caminhada que nos leva ao outro, o da Eternidade.
O Senhor Bispo não se intrometeu no quotidiano politico-partidário, o que não seria de esperar de Carvalho da Silva. Mas, manifestamente, ambos respeitaram os campos em que se movem.
E, usando de linguagem para todos, D. Manuel Clemente foi buscar polémicas antigas. Históricas. Portanto, do Presente e do Futuro. Somos um Povo de ficar ou de embarcar?
Magnífico!
Tanto quanto as invectivas ao sector mais culto dos nossos: o apelo a que nos saibamos integrar. Interpreto eu: por Portugal. Por terras de Santa Maria.