Um pouco de ar puro, cá fora
Parei um pouco. Já no cimo daqueles degraus semi-tragados pelo tempo. Não eram vertigens, era a percepção do resultado de uma queda, onde tudo são pedras. Penedos. Em Penedono, claro. E avancei para as ameias e para aquele castelinho de esquina, a coroar o castelo que também não é descomunal.
Mas o mundo está lá todo, em seu redor. Com a sua finitude bem riscada em tons escuros na linha do horizonte. Para trás da qual é certo se acoitarem adamastores horrendos e urradores, jura quem os viu, filas e filas deles, magotes, ferros contorcidos e cimento e vidros ainda por estilhaçar.
Vem-me à ideia, o inferno, se calhar. Onde mandam os ponteiros do relógio e subjuga-nos o trânsito automóvel. A cidade. Onde estou, expiando os meus pecados, apesar da licença precária para estas breves palavras de saudade do Reino. À maneira da voltinha matinal no pátio dos reclusos.
Volto para dentro, o guarda já apita a sua impaciência. Talvez uma dia me comutem a pena, ou a substituam pelo degredo.
Em Penedono, claro.