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MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

"Kissing sailor"

João-Afonso Machado, 16.01.11

Foi a celebérrima legenda da revista Life nesta fotografia que correu mundo. O beijo de um marinheiro da Armada norte-americana a uma enfermeira, Edith Shain, em Time Square, Nova Iorque. Em 14 de Agosto de 1945, na euforia comemorativa do fim da Grande Guerra.

A rapariga morreu no transacto ano, com a provecta idade de 91 anos. O rapaz permanece entre nós, contabilizando 88, com residência em Middletown, Massachusetts.

Alistou-se em Março de 1942, na sequência do ataque japonês a Pearl Harbour. Combateu, participou em episódios tremendos e palco de epopeias frequentemente trazidas para o cinema. A sua infância decorreu entre pescadores, numa pequena ilha denominada "Portuguese Island", na costa oeste dos EUA. Porque os seus pais (e a demais comunidade) eram emigrantes portugueses, da Madeira.

Chama-se George Mendonsa. De cada vez que - até há pouco tempo, antes de se provar definitivamente a identidade do beijoqueiro - surgia alguém reclamando a autoria do gesto, o seu sangue fervia. À boa maneira de Portugal, onde o que é nosso, é nosso.

A reportagem da Notícias Sábado (JN, DN) de 15.JAN.2011 narra pormenorizadamente os lances dramáticos vividos no Pacífico por este compatriota.

 

 

Linha do Norte

João-Afonso Machado, 16.01.11

...

Eis senão quando, a celestial intervenção! As redondezas transfiguram-se em planície a perder de vista. Acastanhada, em tufos de canaviais, renques e renques deles, e a suspeição permanente de pantanosos percalços. Terrenos sempre sob a ameaça das cheias, já muito castigados pelas inundações. Sobrevoa-os uma solitária gaivota. E lá longe, raspando as nuvens, o grande rio. Um braço dele, apenas, só para bem ostentar a sua imensidão.

Uma fugaz passagem de olhos para o interior dá-me a percepção do acumular das colinas, em que, outrora, a Natureza foi feliz. Também nelas se encavalitam agora os prédios, localidades anónimas, custa acreditar que ali se vivem vidas semelhantes à nossa. No topo dos montes, o trono dos moinhos de ventos!... Enlatados de conserva, cabriolando nos elevadores… Sob o sol e os ventos que já foram das águias, rodeados do amarelo calcário, míticos paraísos de coelhos e lebres e perdizes…

Enfim, veio o rio, do lado oposto, até perto do comboio, amornando pensamentos. (Não fora, ainda e sempre, as chaminés, a sucata a fantasmagoria do ferro, multiplicidade de gruas e guindastes…). Quanto não custa vencer os arrabaldes da cidade-mãe!