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MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

Porque é a "crise"

João-Afonso Machado, 13.01.11

É sabido, todos vamos sofrer. Todos sofremos por antecipação. Mas entre o "ser" e o "vai ser", talvez restem uns momentos de sossego. Não digo de paz, na exacta medida em que sempre contrariei o aforismo "paz e sossego".

Não, a guerra continua. Essa guerra política, nacional, creio mesmo, fulcral. A paz é mentira e a ocasião óptima para uns intervalos de sossego.

É onde se levanta a companhia inexcedível das gaivotas. Os gatos alados da cidade, um miar em piado, estranha forma de ronronar. Sobretudo à beira-rio.

As invernosas tarde frias assim o dizem. Na cidade, não longe do mar. Com migalhas de pão e hábitos enraizados. Elas não despegam, em todo o volume das aves de olhar penetrante. Alguém atentou já na sua beleza?

As gentes ribeirinhas sabem-no. Onde se deixam uns bocados de comida para os gatos, ficam também umas sobras para as gaivotas. Porquê, se ninguém se lembra dos pardais?

As gaivotas chegam-se às nossas portas. Não se tomam de pânico, em fuga. Alam-se pausadamente, em circulos que vão acima e abaixo. Não fora a pressa da vida, ensinaria uma qualquer a um aperto de mão. Tais os dotes da sua beleza.

Ingressam no interior até muitos quilómetros da costa. Sobem o quotidiano dos rios e das suas margens. Quão dificil é passar sem as gaivotas!

 

Quem dá mais?

João-Afonso Machado, 13.01.11

É preciso perceber o que se passou ontem no leilão em que o Estado português foi submetido ao teste da melhor ( não do ponto de vista nacional, claro) oferta.

As Obrigações de Tesouro levadas à praça importam à nossa desgraça um custo acrescido de 6,71%, a taxa de juro imposta (e não regateada). Se tivermos presente o facto da Espanha, envolvida em operação idêntica, airosamente conseguir uma taxa inferior a 5%, não será dificil concluir o que se oculta para lá das aparências - no nosso caso, uma economia sem expectativas de crescimento. Justamente ao contrário dos nossos vizinhos, em quem, apesar de tudo, os investidores ainda acreditam e apostam.

Para Portugal sobeja pouco mais do que caridade. Nas espantosas palavras de Paulo Pinho, académico da Universidade Nova de Lisboa, "o êxito deste leilão resulta de uma boa operação de marketing que começou no roadshow à China e terminou nas notícias sobre a execução orçamental de 2010" (a tal farsa contabilistica encenada através do Fundo de Pensões da PT)!

E, ainda assim, porquê esta ajudinha? Fatalmente para travar um maior desiquilibrio da economia espanhola, essa sim, de envergadura bastante para incomodar os grandes da UE. O maior dos quais, a Alemanha, através da Chanceler Merkel, ainda ontem repetiu o propósito de " fazer tudo o necessário para defender o euro". Que é como quem diz, o inestimável marco germânico.

E quem lhes pode levar a mal? Mesmo ricos, eles continuam a trabalhar, enquanto nós politicamos.

 

Requalificação da Avenida da Boavista

João-Afonso Machado, 13.01.11

Hyde Park? Não, apenas um espaço igualmente bonito e mais amplo. Criado no Porto e denominado Parque da Cidade. A ladear a Avenida da Boavista, no seu troço derradeiro, o mar já bem à vista.

Onde os portuenses arejam os pulmões e lavam a alma, nos seus momentos de lazer. Vão longe os tempos em que os eléctricos passavam aqui à porta, ocupando uma faixa central na Avenida, protegida por renques de árvores plantados desde a Rua António Cardoso até ao Castelo do Queijo. A hipotética construção da linha do Metro entre Matosinhos Sul e a Baixa, através da Boavista, veio alterar - para pior - as feições deste pedaço da artéria. E assim não podia a paisagem permanecer.

A Câmara prometeu - de papel passado, preto no branco - ainda este ano proceder à necessária plástica. Por fases e ponderadamente, atenta a tempestade financeira e política que se avizinha. Mas com a marca indelével de não estarmos a ouvir atoardas vãs. Da Fonte da Moura para baixo, ao separador outrora reservado aos eléctricos voltará a sombra das árvores. Mais uma ciclovia e relva q.b. Com uns canteiros de flores para lhe dar cor.

A novidade aponta para dois lados: o agradável, em si mesmo; e o empreendorismo responsável do Executivo camarário. Dito em menos palavras - para a diferença entre Rui Rio e um António Costa qualquer.