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MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

O escândalo da actualidade

João-Afonso Machado, 06.01.11

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Em vésperas do início da campanha eleitoral para a Presidência da República, a esmagadora maioria dos candidatos já definiu o tema prioritário a debater. O vector da escolha do eleitorado. Nem mais do que os lucros obtidos por Cavaco Silva - ocasionalmente o concorrente favorito, segundo as sondagens, - na transacção de títulos de uma accionista do BPN, o favorecimento, de que o acusam, de amigos e correlegionários.

No alto do seu pedestal, sempre janota, o velho Bernardino experimenta um novo plastron. Pelo sim, pelo não...

Bernardino lembra-se do escândalo, por si e pelos seus comparsas incendiado, já no final da Monarquia, - a alternância de funções de José Luciano, entre a chefia do Ministério e a gestão da Companhia Geral do Crédito Predial Português... Lembra-se bem, o maroto. E não esqueceu que, do cargo de Presidente do Conselho ao cargo de Presidente da República, vai um passo do tamanho da mais alta magistratura dita nacional.

Bernardino tem presente outros relevantíssimos incómodos: a mediocridade do seu laico e eticista discípulo Alegre; os irresponsáveis que se candidatam do lado da restante Esquerda; o lunatismo dos outros micro-aspirantes à Presidência... Para além, é claro, da tibieza do previsivel vencedor - e investidor de mérito no mercado dos valores mobiliários!

Bernardino não é parvo. Demonstrou-o jogando sempre na antecipação. Por isso o plastron azul-branco com que ultimamente se pavoneia. Saudades do Pariato. Do Ministério. Do Partido Regenerador. Da sua familiaridade com a Casa Real portuguesa.

Ei-lo de regresso à Monarquia, o velho Bernardino. Aposto!

 

Linha do Norte

João-Afonso Machado, 06.01.11

...

Do outro lado, tudo é mais evidente. Os contentores (a sua história pouca alma terá...) amontoam-se no cais e os guindastes e as gruas cumprem obedientemente o seu ofício. É tal o labor que o rio ainda está fora da nossa visão.

Honrados palácios em ruínas. Os canaviais a rondarem-lhes as paredes. E as encostas cobertas de tojo e anizeiros. Quase a despenharem-se sobre a linha, sequências de casinhotos, quintalórios, seca a roupa e o cãozito da velha deve ter latido. As trepadeiras floram de azul, lilás, vermelho... O comboio não pára e a cidade semelha desfalecer.

Finalmente, a vastidão do rio!

E nomes de localidades da nossa infância, recordações súbitas - cavalos, namoradas, décadas tragadas pelo tempo. Mano a mano com as fábricas, os armazéns e os parques de automóveis recém-montados, vidas que brevemente principiarão.

 

Morangos com quê?

João-Afonso Machado, 06.01.11

A morte do cronista Carlos Castro encheu os jornais e as televisões. Tratou-se de um crime bárbaro, como já repetidamente foi dito, praticado com requintes de crueldade. Sobre a pessoa da vítima, nada resta acrescentar senão - paz à sua alma. E sobre o presumível assassino?

Da muita e, por vezes, contraditória informação carreada pela Comunicação Social, poderá sintetizar-se, talvez, estarmos presente um modelo (fotográfico?) não assumidamente homossexual. Daí a imediata interrogação - o que fazia ele em Nova Iorque com Carlos Castro?

Acompanhava-o. Porquê, e a troco de quê?

Estas questões são, em meu entender, verdadeiramente assustadoras. Por elas se alcança a força magnética do dinheiro. A relativização dos valores. O móbil de (pelo menos) uma geração há meia-duzia de anos para cá crescendo em frente do ecran televisivo, sonhando uma fama sem suporte e sem merecimento.

O estrelato! É o que, na mediocridade das ideias e dos objectivos, os jovens portugueses têm em mente. Atingir o estrelato a qualquer preço. E, para tal, é necessário dinheiro - o dinheiro que lhes permita esperar calmamente pela sua oportunidade de serem cantores, modelos, actores, estilistas, cabeleireiros...

Pelo dinheiro, ao que se vê, fazem-se fretes como este, que está na origem do crime de Nova Iorque. E mata-se! Oxalá outros candidatos a fretes congéneres meditem um pouco antes de selar, futuramente, qualquer pacto semelhante...