Rendimentos de tributação impossivel
Seraficamente, o País transtornou-se. É agora, confessam os organismos públicos, mais perigoso. Não obstante a Estatística - essa macaca! - indicar um decréscimo da criminalidade. Porque talvez já não se apliquem tantas sacholadas na cabeça dos prevaricadores da água de rega...
Em resumo: debatemo-nos, hoje em dia, com uma realidade nova - o crime organizado. Mas não seria de prever, legitimamente se questiona?
Responda-se como melhor aprazer a cada um. Para quem avance o argumento da crise - da pobreza que nos consome - como explicação da violência que a Comunicação Social avassaladoramente divulga, fique bem presente não residir aí a causalidade interpretada pela Polícia Judiciária. A nossa PJ - empenhada, trabalhadora, incompreendida, desfalcada de meios de actuação.
O fulcro do problema centra-se no - soit disant - associativismo criminal. Cada vez mais operante e vocacionado para objectivos muito claros: os postos de abastecimento de gasolina, as agências bancárias, as ourivesarias... É ponto assente que se transacciona amanhã, em Espanha, o ouro roubado hoje em qualquer pacata vilória nossa. Sinal de que as ligações estão estabelecidas e funcionam.
Duas conclusões retiro desta factualidade, de todo incontestável.
A primeira aponta o dedo acusatório aos poderes públicos: provinciana e eleitoralmente preocupados com os direitos das minorias (refiro-me à bandeira erguida pelos militantes do - por extenso - ora legalizado casamento de pessoas de diferente orientação sexual), de mindinho esticado em finesses de barbeiro na abordagem da legislação penal e processual, assim tão sensiveis, - os poderes públicos esqueceram a segurança de... toda a gente.
Tentando nublar o escândalo de Mausers com cinco décadas de uso, adquirindo Glocks - uma opção oportuníssima, de resto - lá chegaram, atrapalhadamente, as pistolas, enfim. Mas sem os coldres respectivos e sem a imprescindivel preparação dos agentes para o seu uso. Isso é dos jornais e não foi desmentido. Bizarrias dos nossos governantes.
E a segunda assusta ainda mais. A criminalidade que está em qualquer viela onde se vendam objectos de valor, fácilmente transaccionáveis, é obra de profissionais, gente violenta, capaz de tudo, destituída de escrúpulos. Nacionais, ou não. Gente que faz dos assaltos o seu modo de vida.
Um modo de vida fácil, rentoso (muito mais do que o trabalho honesto) e com riscos mínimos. No máximo da adrenalina. A modos que um desporto radical.
Tão enebriante como a travessia da Ponte Vasco da Gama a 200 quilómetros por hora, talvez em contramão... Sem a polícia a impedir.