O novo ano
Encontrei ontem, no Rossio, o Padre Victor da paróquia do Conta-me Como Foi. O reverendo passeava uma criancinha, possivelmente uma das muitas lá da catequese, e, simpáticamente, ofereceu-lhe um passeio no carrocel. Para que aspirasse, também, algo que ficou no ar, de parisiense, depois da recente instalação deste apetrecho. Do carroussel.
Enfim, procedeu avisadamente o Padre Victor. Hoje, primeiro dia de 2011, a voltinha é já certamente mais cara. Quase tudo o é, também. E a Igreja necessita, como nunca antes, de bem gerir os seus esgotáveis - e já muito esfalfados - recursos. A Igreja - e as restantes privadas instituições de solidariedade social. Porque, desde a nossa disponibilidade manifestada para o sustento do Estado indigente, face mesmo ao descontrolado entusiasmo, à generosidade da esmagadora maioria dos portugueses, a verdade é que ele não chega. Ao fim do mês, para muitissimos, o dinheirinho não chega, já não está lá, nem em parte alguma.
Quero dizer: está nos cofres do Estado ou nas mãos dos croupiers do Casino Republicano. E só a Igreja - as Igrejas - e os seus derivados e afins surgirão, como têm surgido, como uma malga de caldo, um agasalho, um tecto, duas palavras de conforto.
O Regime assim dispôs: para os governados, o carrocel; para os governantes a roleta - infelizmente não russa.