Com a devida vénia, Senhor Bastonário
Com assinalável regularidade, o Senhor Bastonário da Ordem dos Advogados, Dr. Marinho Pinto, deposita, em entrevista dominical no JN, as suas impressões sobre o andamento da vida forense e judicial. Desta feita, debruçou-se sobre uma petição popular, conduzida no Correio da Manhã, versando a penalização do enriquecimento ilícito dos titulares dos orgãos de soberania. Indispõe-no a alegada presunção de culpa incidente sobre quem ganha manifestamente acima do previsivel, face aos rendimentos declarados.
Justapõe as suas razões de discordância. Não as rebato.
Assinalo, somente, uma palavra de revolta há muito a dever ser largada, por exemplo, contra idêntica presunção a atingir os legais representantes das empresas (singulares ou colectivas), no concernente às dívidas fiscais. Ou seja, contra o maquiavelismo estatal dirigido à produção/serviços que não cumpre as obrigações tributárias porque - na maioria dos casos - assim consegue manter os ordenados do pessoal em dia. Isto é: os postos de trabalho dos seus empregados.
Mas tal não valia este comentário. O mais importante são as pedradas para o ar e as cabeças assim visadas atingir. Verbo gratia(o espaço rareia): os «advogados mediáticos»? Os «polícias» (entendo: os funcionários das forças de segurança), outrossim?
Vale-me o à-vontade de quem não tem ligação, nem influências, junto dos poderes económico ou político. E de quem conhece as dificuldades com que se debate a advocacia provinciana.
Por muito dura que seja a realidade - a nossa, de quem não tem voz nos jornais, seja pela via dos negócios e da partidocracia, seja pela alternativa dos cargos corporativos - por muito dura que seja a nossa realidade, dizia, o caminho é outro. Diverso de uma eventual corrente populista, divindindo os Colegas entre os partidários do Robin Wood e do sheriff de Nothingan. Por variadíssimas razões, a principiar na deontologia, até findar na nulidade dos resultados visionados.