Presidenciais - os debates (V)
Cavaco Silva e Francisco Lopes nada debateram. Limitaram-se a cumprir calendário ou, se quiserem, a desempenhar o seu número, à hora ajustada para um espectáculo pobre, monótono, já visto e revisto.
Como seria de esperar, cabia a Lopes o papel, mais agressivo, de interpelar, provocar, o adversário. Este, por seu turno, retorquiu com um quase silêncio de quem nenhuma atenção presta ao gaiato irrequieto e barulhento.
Foi isto. Com Lopes nas eloquentes esferas do impossivel, pregando contra a nossa submissão "à voz dos mercados". Ele, Lopes, uma vez eleito Presidente, logo trataria de puxar as orelhas aos meliantes da alta finança internacional...
(E se a gente votasse Lopes, só para gozar o pratinho, depois?).
Já Cavaco vestiu as roupagens professorais e debitou algumas evidências - para toda a gente menos, talvez, para Lopes. Jurou fidelidade às PME's, repetiu - repetem sempre... - a estafada mentira do presidente de todos os portugueses e, perguntado se era, ou não, favorável à consagração constitucional do princípio da justa causa de despedimento, agiu na sua peculiarissima forma de fugir às dificuldades. Não respondeu - descaradamente, não respondeu. Era matéria dos partidos, da AR, nada sobre que um candidato presidencial se deva pronunciar!
Venham os próximos. Nunca mais é Janeiro. Este show já deu o que tinha a dar.