Presidenciais - os debates (III)
- Não se vai para a Presidência da República com um ramo de flores!,
foi, a páginas tantas, a exclamação de Fernando Nobre. Estava-se no capítulo das palavras fáceis e Cavaco Silva, acerca da aprovação do Orçamento, não se inibiu de dizer - tinhamos a cabeça muito perto da parede e corriamos o risco de uma forte pancada...
(Assim tão perto da parede, a pancada nunca podia ser violenta, conforme as leis da Física...).
Portanto, já por aqui se vislumbra o elevado nível do debate.
Acresce que, na berlinda, se destacou o inefável Orçamento. Matéria a escapar ás competências do Presidente e sobre a qual Cavaco, no decurso das derradeiras semanas sempre tem evitado falar francamente.
Donde, algumas inevitáveis ilacções. A saber: nenhum candidato organizou ideias concretas e interessantes para Portugal, no âmbito das funções presidenciais. O que é tão mais grave, do lado de Fernando Nobre, quanto é certo que a sua militância na AMI podia - e devia - suscitar-lhe iniciativas inéditas na área da solidariedade para com os seus concidadãos; aliás: foi imiscuir-se no campo do normativo constitucional onde, seguramente, Cavaco manobra mais à vontade. Depois, e decorrentemente, - o maior mal do actual P.R. é ser uma cagarola, repetidamente escondido atrás de qualquer fatia de bolo-rei, a impedi-lo de falar para além das migalhas aspergidas boca fora. Por isso, em vez de tomar posições quanto ao futuro, justificou a sua timidez do presente e do passado.
E andámos nisto. Nisto e num discurso supérfluo e demagógico que impõe uma conclusão: portugueses - estes também não!