Tentadoras estatísticas
Estamos em plena época natalícia - diria eu, já com um pé na Páscoa... Mas, manda a tradição, há ainda que passar o advento dos presentes. Em famílias numerosas, um verdadeiro calvário. Sobretudo, porque muitos são os chamados às lojas - alguns, embora, nem por isso bem escolhidos. Quais? Os rendidos aos encantos dos preços low-cost. Do zero-cost, para ser mais preciso.
As estatísiticas são claras: estão previstos furtos em lojas, nesta quadra, da ordem dos 68 milhões de euros! Ao que parece, um número incontornável, fatal, um tormento com que os comerciantes resignadamente se conformam. Talvez porque, caso a caso, saia mais barato um ou outro desfalque do que manter uma vigilância atenta e permanente.
De modo que, portugueses, temos todos 68 milhões de euros, impostos pela Estatística, para gamar ao próximo. E, como sabemos, à Estatística ninguém foge. O que ela diz é para se cumprir, com o mesmo espírito cívico de quem acata a lei.
Acrescento mais algumas orientações: os nichos de mercado mais procurados por esta gama de generosos são os brinquedos, os chocolates e as perfumarias. Nada de espantoso: como resistir à tentação de levar para casa - assim ocultamente - um desses frasquinhos com algumas gotas de enebriantes aromas que, ao longo de todo o ano, pesam uma quantidade de notas para fora da carteira?
Pela parte que me toca, aqui fica a dica para os que pensam em mim, e em me obsequiar: um livro de bolso. Por razões óbvias: serve para eu ler e cabe no vosso bolso. À cautela, não vão deparar-se, nessa operação, com o excesso de zelo de algum vigilante estúpido e abrutalhado.
(Hipótese essa, aliás, tão mais possivel verificar-se comigo quanto é certo ser padrinho de seis afilhados. Fora o resto... Pelo sim, pelo não, sou capaz de me deixar ficar na categoria dos otários. Que me perdoe a Estatística).