O bananal
As paredes das nossas cidades falam cada vez mais perceptivelmente. Viva a República!, grita esta. Perguntei-lhe porquê. Então eu não via a mesa tão bem posta, um centro decorado a frutas tropicais e a toalha bicolor? Combinadíssimas matizes, aliás...
A República, acrescentou o eloquente cartaz, tudo dá ao povo - a arte (decorativa, mas já não é mau, pensei, sem querer esfriar o entusiasmo do empolado orador) e as vitaminas, as proteínas, o que a nossa gente necessita para matar a fome, enfrentar a doença (bom, calei, antes bananas que cerejas: ao menos enchem mais).
Mais soube que a benfazeja iniciativa cabe a uma associação cultural PANMIXIA e ao panfletário Guerra Junqueiro, bem como ao verbo de outros literatos de calibre inferior. Que estão lá, ainda, os apoios do Ministério da Cultura e da Câmara Municipal do Porto. Entre exposições e conferências, qualquer coisa há-de acontecer nos próximos tempos. Oxalá não seja uma visita de Bolívar ou de Chavez ou de Morales. Para República das Bananas basta-nos a que nos consome.
Mas agora parece capaz de se penitenciar... Como os russos, ao lado, libertos dos sovietes, de renovada vontade de dançar.