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MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

A Mocidade

João-Afonso Machado, 08.12.10

Passou-me ao lado, nos tempos estudantis, completamente, a Mocidade Portuguesa. Não sei porquê, visto parte do meu liceu remontar ainda ao pré-25 de Abril. Mas apenas enverguei bocados daquela farda castanha-verde justamente depois da Revolução - quando uns amigos descobriram um depósito deste material (preciosíssimo, então) e procederam às necessárias requisições, depois vendidas ao preço do ouro à rapaziada. Eramos do contra. Contra-revolucionários. Assumidamente reaccionários. Porque nada queriamos do cunhalista sol que ilumina o mundo e, muito menos, nos quebrassem os dentes, conforme a célebre ameaça do chefe comunista. Dirigida à Reacção. A nós, insisto, na pequena escala em que também contribuimos para firmar e afirmar a santa liberdade.

Se gostaria de me ter alistado na Mocidade? Não sei. Havia o lado aliciante do programa: a equitação, a carreira de tiro, o desporto, os acampamentos... E havia o outro lado, pouco coadunável com a minha pessoa: gosto tanto de ser comandado quanto de comandar - nada; assim como de fardamentas; berros aos meus ouvidos, jamais; horários, tão-pouco... E nunca - nunca mesmo - aceitaria ser doutrinado politicamente pela República.

De modo que fico sem saber qual a minha expressão no retrato: choramingante?, perfiladíssimo, aguardando a ordem de calar baionetas?, envergonhado?, contrariado?, expectante?, ensonado?

Provávelmente, ocorreria esta última hipótese. Como no caso do segundo patriota a contar da esquerda, da primera fila, lá em cima. Mortinho por que nos remetessem para o volteio...

 

8 de Dezembro

João-Afonso Machado, 08.12.10

É sempre complicada a relação de um crente com Deus. Porque O sabemos omnipresente e omnisciente, mas, quando muito, apenas ouvimos a sua voz cava, ressoando na nossa consciência. Deus é grande demais para que, com Ele, possamos estabelecer uma ligação emocional. E a Sua obra - o Universo - como compreendê-la na ausência de limites das galáxias? Talvez somente através da afirmação dos fisicos - acerca dessa realidade - em expansão constante e acelerada - adquiramos a noção de que jamais atingiremos os contornos do fim, senão mesmo da irrealidade do espaço.

O Criador quis, no entanto, chegar mais perto das criaturas. Na nossa Cultura, através do seu Filho, feito Homem, Jesus Cristo. Estabelecendo acessiveis pontes de diálogo com alguém que, como nós, nasceu, viveu, sofreu e morreu - deixando-nos a promessa da Ressurreição.

Por fim, o Criador manifestou uma especialíssima delicadeza para com os latinos - dando-lhes uma Mãe, de quem veio ao mundo o Prometido, - Maria.

É do jeito que podemos deixar em sossego a Teologia e nos agarrarmos com devoção, com carinho, com amor, a Nossa Senhora, Mulher, Mãe, humana, bondosa, piedosa.

Na Maternidade-Assunção-Conceição de Nossa Senhora, o Bispo do Porto, D. Manuel Clemente (Portugal e os Portugueses, de Assírio & Alvim, para quem quiser lêr), estabelece uma comovedora simbologia do percurso do nosso Povo na História. Assunto para outro dia, porventura.

Por hoje, apenas o assinalar da Imaculada Conceição de Nossa Senhora. Da Rainha de Portugal, da nossa Padroeira.

Da Padroeira da minha Família. Ouvirei e cantarei o seu hino, sempre com um nó na garganta:

«Salve, nobre Padroeira / Do Povo, teu Protegido, / Entre todos escolhido / Para povo do Senhor / Ó glória da nossa terra / Que tens salvado mil vidas, / Enquanto houver Portugueses, / Tu serás o seu amor».