Ia-me atropelando, este fim-de-tarde. Desviei-me a tempo do retrato e da certeza: vai para Viana! E quase berrei por uma lancha e uma boleia.

Depois, claro, cai na realidade. Com aquele corpanzil nem passava a foz do Lima. Ainda causaria algum engarrafamento, se é que os barcos estão a sair para a pesca com este tempo. Não, isto são ideias de quem está longe de casa. Em Lisboa, onde hoje o crepúsculo fez greve, refugiando-se atrás das nuvens. Frente ao Tejo imenso, nesta imensa cidade, um hábito que não há meio de se me apegar.

Devem ser aqui, as nossas portas para o desconhecido. Para esse ignoto destino do navio, verdadeiro bairro flutuante. Literalmente - um transatlântico. Onde, tudo indica, há quem viaje e faça sauna e vista o smoking para jantar e bailar - acreditando que esse mundo ainda existe, tão diferente do nosso, algures no Mediterrâneo, ou até Nova Iorque, ou seja lá onde for... Mas nunca em Viana, não tenhamos ilusões.

Ainda assim... talvez do alto de Santa Luzia gozemos outra vivacidade, outro colorido. Não sei se me entusiasmariam agora uma semana ou duas num condomínio fechado cercado de oceano. Resta, de momento, Lisboa - que me deu esta fotografia, neste dia em que nos negou o sol. Não se pode ter tudo...