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MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

Prof. Ernâni Lopes

João-Afonso Machado, 02.12.10

«Aquecendo o tempo, na verdade, S. Martinho logo ganhava outra espertina. (...) A Rua dos Cafés abria os olhos, pestanejando luzes que ficavam acesas pela noite fora. (...) O dueto era muito era muito da Rua dos Cafés, havia que saber não ser incomodativo (...). Gente distinta, que o Alberto e o Herói sabiam não poder importunar com pedinchice ou excessos de proximidade. Mas, com jeitinho, não raro lá vinham umas sobras (...)».

(Os Heróis de Alberto, in Contos do Tempo, DG Edições, 2008).

 

Os personagens deste conto - um velho pedinte e o seu cão - são (foram?) reais. E chamaram a atenção do autor uma noite em que um rapazola, já bem bebido, resolveu achincalhar o desgraçado. O Prof. Hernâni Lopes, sentado numa mesa vizinha, levantou-se e, com uma autoridade que era dele, e ninguém discutiu - obrigou o provocador a descupar-se ante o provocado.

Morreu hoje, o Prof. Hernâni Lopes. Paz à sua alma.

 

A República primeiro, a Independência Nacional depois - manifestam-se eles

João-Afonso Machado, 02.12.10

Não vou abordar as comemorações nacionais do 1º de Dezembro. É, há muito, pública e notória a adesão dos portugueses a este evento, celebrado de Norte a Sul, sob a égide do Chefe da nossa Casa Real.

Vale mais a pena passar os olhos sobre o que aconteceu nos subúrbios... Ou seja: da parte do Estado - nada. A independência nacional é muito menos importante  do que a República e, em tempos de crise, a massa esgotou-se toda em 5 de Outubro...

Depois temos a pendular cerimónia da Sociedade Histórica da Independência de Portugal. A sua omnipresente coroa de flores no monumento dos Restauradores. Compareceram a Escola Naval, a Academia da Força Aérea, a Academia Militar... e o PPM e os Amigos de Olivença. Soma: cerca de 200 pessoas, segundo a informação dos jornais. Ah!, esquecia-me - António Costa ficou em casa, mas a autarquia lisboeta fez-se representar...

 

Com se tudo isto fosse nada, o cronista do JN, Manuel António Pina, surgiu hoje com algumas chufas ao, por ele rotulado, "sebastianismo". Coisas simples, brejeiras: principiou ironizando o extenso nome de SAR, o Senhor D. Duarte, por Sua Excelência considerado um "imigrante suiço naturalizado que se diz duque" - alerta!, alerta!, Pina é xenófobo! - e equiparado a um personagem da Disneylândia. E rematou o escriba sentir assim que lhe "alimentam a absurda esperança de que não vivemos num país real, mas num cartoon".

Mentiria se agora afirmasse não gostar de ler diáriamente M. A. Pina. A verdade é que gosto. Tal não contradiz eu perceba um seu alimento cultural importante - os desenhos animados americanos para adultos. É muito pouco! Nem que lhe diga - Eça e Ramalho não eram isso, Sr. Manuel António Pina!