Adeus 2010
No derradeiro dia do ano, como não sentirmos o poder do tempo, esse - invocando Ary - cavalo à solta pelas margens do nosso corpo?. Como não nos intimidarmos com a extraordinária velocidade de ponta do terceiro milénio, percorrendo em dez segundos a sua primeira década?
O tempo voa, sempre ouvi dizer aos mais velhos. Não exageremos. O tempo, simplesmente, há muito deixou de velejar ou mesmo de maquinetar no rio com um motor fora de borda. Hoje o tempo transborda de potência, consome-a em permanente aceleração, enebria-se em frente ao espelho. E não pára, já sem tempo senão para navegar na costa, em breves minutos de recreio.
Causa-me mal-estar o discurso apocalíptico. Resignadamente, admito o fim da epopeia e somente aspiro ao meu mundo, ao recanto do meu sangue, onde gostaria que a familia ainda seja - seja sempre - calor.
Porque, sou ciente, o tempo esqueceu a gesta... Todos nós também, possivelmente. Valerá a pena redescobri-la, além da sofisticação, um pouco à direita depois da modernidade?
Magnífico jantar o de ontem, entre Amigos que do mesmo modo se interrogam, no términus desta estonteante década de dez segundos. Em Lisboa, na capital do Reino.
Enfim, não entrarei em 2011 sem experimentar o cabrito para que convidou um Amigo e Colega de Faculdade. Há 30 anos que não nos encontramos. Perdão: há meio minuto, mais coisa, menos coisa.
Um bom Ano Novo para todos! Para Portugal também.