Grande aflição a minha!
Hoje almocei cogumelos. E depois fui ler o jornal de ontem, onde é notícia o envenenamento de cinco tailandeses, no Montijo, por terem ingerido... cogumelos! Ao que parece, a diferenciação entre os comestíveis e os venenosos é, recorrentemente, dificílima e daí os frequentes desastres. Ainda no outro dia morreu um casal em Grândola...
E agora, meu Deus?
Segundo o jornal - de ontem, o maldito! - dos cinco tailandeses, quatro necessitam com urgência de um transplante hepático. Assim mesmo! Narrado pelo periódico com esta fleuma. Como quem divaga sobre a ida de uma senhora ao cabeleireiro. Esquecendo que para salvar os desgraçados, é preciso aguardar a morte de outros tantos, em moldes que permitam aproveitar-lhes o fígado!
É da Imprensa, não da minha cabeça a qual, aliás, desconhecia a existência de cogumelos e tailandeses no Montijo. E, só para agravar o cenário, a variedade comida foi o Amanita phalloides, de todas a mais perigosa, de uma fisionomia indecorosa (que me recuso reproduzir nesta página), mugindo sempre como uma vaca mansa, só para enganar os incautos.
A taxa de mortalidade, nestes casos, ronda os 20%. Os sintomas mais graves da intoxicação ocorrem só ao fim de cinco dias. Começam com dores de barriga e diarreias. Daí à hepatite fulminante - e por isso a imprescindibilidade do transplante - é um ápice. Todos os anos se repetem os casos dramáticos. Famílias inteiras...
Ainda faltam quatro dias e meio para poder sossegar. Confesso, Deus meu, estar cheio de medo!
(E tenho de parar de escrever. Sinto algo estranho no baixo ventre. Meu Deus! Será...
Com l'cença, aí vou eu).